A confirmação de que o IVA na restauração vai mesmo baixar
para a taxa intermédia representa um passo decisivo para que seja cumprida uma
das promessas eleitorais do Partido Socialista. Com o PS, palavra dada é
palavra honrada. Prometemos, cumprimos mesmo se as limitações orçamentais que
ainda vivemos não permitem ir tão longe (nem tão depressa) como gostaríamos.
Este é um assunto de grande importante para Matosinhos, um
concelho onde a restauração representa uma parte substancial da economia local.
A subida do IVA para 23 por cento, decidida pelo governo de coligação PSD/CDS,
foi sempre contestada pelos empresários do setor e pelos seus representantes,
nomeadamente a Associação de Restaurantes de Matosinhos. Todos estarão
lembrados de uma manifestação (em novembro de 2012) que percorreu algumas
artérias de Matosinhos e que terminou no Mercado, onde foi servido um almoço
que consistia numa… espinha de peixe e numa batata cozida. Era o que restava
aos empresários do setor, sem dinheiro para pagarem o IVA. Na altura previa-se
que, a manter-se a taxa a 23 por cento, encerrariam 39 mil restaurantes e
hotéis e seriam extintos 99 mil postos de trabalho até ao final de 2013.
Em 2015, Portugal era o quarto país da União Europeia com a
taxa de IVA mais alta no setor da restauração. A média da U.E. 28 era de 16 por
cento, sete pontos percentuais abaixo do praticado em Portugal. Para a AHRESP
(Associação de Hotelaria e Restauração de Portugal), o IVA a 23 por cento foi a
principal causa da redução de postos de trabalho no setor, provocada pelo
encerramento de milhares de estabelecimentos e pelo sobre-endividamento de
milhares de outros. Os últimos números indicam que o ramo da hotelaria e da
restauração empregava 249.100 pessoas, um mínimo histórico. Segundo a AHRESP,
entre setembro de 2014 e março de 2015, foram extintos 52.900 postos de
trabalho – mais de 290 por dia.
É para contrariar esta verdadeira tragédia que o Governo do
Partido Socialista decidiu repor o IVA da restauração a 13 por cento a partir de
1 de julho. Ficam de fora desta redução as bebidas alcoólicas e os
refrigerantes açucarados, cuja venda continuará, para já, sujeita à taxa de 23
por cento.
O Primeiro-ministro afirmou no mês passado que vai ser
criado um processo de monitorização (em que o sector da restauração também
estará representado) que avaliará o impacto da descida do IVA. O que o Governo
pretende, mais do que garantir uma descida direta dos preços nos consumidores,
é relançar o emprego e a competitividade do setor. Será à luz da evolução e
avaliação desses parâmetros que se tomarão medidas adicionais no próximo ano,
nomeadamente o alargamento do IVA a 13 por cento para as bebidas.
A descida do IVA da restauração insere-se no âmbito da
estratégia do Governo para promover o crescimento económico e a consolidação
orçamental, com o objetivo de gerar a criação de emprego. Prevê-se um efeito
positivo na criação de emprego entre os mais jovens e os trabalhadores de mais
baixas qualificações, que são quem enfrenta maiores dificuldades na integração
no mercado de trabalho.
Espero que, sobretudo em Matosinhos, onde a restauração tem
um peso muito grande, esta media também tenha efeitos positivos e permita
desanuviar as empresas e criar postos de trabalho.
Pensar nas pessoas. Eis o grande mérito deste Governo.
(Artigo publicado em O Matosinhense, 28.abr.2016)
Esta medida só terá efeito se for acompanhada de combate feroz à evasão fiscal e à precaridade no emprego.
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