31 agosto 2016

Qualificar para ganhar competitividade


O número de Centros Qualifica, que substituem os antigos centros Novas Oportunidades, vai aumentar dos atuais 240 para 300 até ao final do ano. Para o Partido Socialista, trata-se de mais um compromisso honrado, com a revitalização de um programa integrado de educação e formação de adultos que seja mais exigente do que no passado. O novo plano dirige-se a todos aqueles que não tiveram oportunidade de estudar no tempo mais natural. Trata-se tanto de adultos em idade avançada como de jovens entre os 20 e os 30 anos que não completaram a escolaridade obrigatória em devido tempo.

Os centros Novas Oportunidades foram criados em 2007 e deixaram marcas muito positivas, sendo responsáveis pela formação e qualificação de muitos adultos que puderam concluir a escolaridade mínima. Durante cerca de cinco anos, houve mais de um milhão de portugueses que decidiram voltar a estudar e inscreveram-se no programa, dando um contributo importante para a elevação do conhecimento e das qualificações no nosso país.

De acordo com um estudo realizado em 2012, uma vez concluído o programa de Educação e Formação de Adultos, os homens aumentaram a probabilidade de encontrar emprego em 14 por cento e as mulheres em dois por cento. Apesar de tudo, o governo de Passos Coelho desmantelou quase completamente a rede que tinha sido criada, encerrando centros sem qualquer critério.

Agora, o Partido Socialista volta a investir nestes centros, considerando-os como a peça central dos processos de educação e formação de adultos. Para o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, os potenciais destinatários da frequência deste programa são pessoas que tiveram uma recente "inflexão ao nível do seu percurso profissional” e aqueles que, “por inquietação intelectual, pretendem dar novos passos, valorizando-se ao nível das qualificações”.

24 agosto 2016

Desenvolver o Serviço Nacional de Saúde


A criação de oito mil camas, duplicando a oferta atualmente existente na Rede de Cuidados Continuados Integrados, é um objetivo que o atual governo se propõe atingir até ao final da legislatura. A medida inscreve-se na política desenhada pelo Executivo de António Costa, que pretende reforçar e desenvolver o Serviço Nacional de Saúde (SNS). Paralelamente, o governo socialista mantém a intenção de dotar todos os cidadãos de médicos de família. Até outubro, serão admitidos mais 300 novos médicos de família, passo importante para que o objetivo seja atingido rapidamente.

O reforço de camas na área dos cuidados continuados destina-se a corrigir a paragem que a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) sofreu nos últimos anos. A disponibilização de serviços de cuidados continuados ao domicílio ou em ambulatório, que garantam o apoio aos cidadãos idosos ou em estado de dependência, está igualmente prevista.

A RNCCI foi criada conjuntamente pelos Ministérios da Saúde e do Trabalho e da Solidariedade Social. É formada por instituições públicas e privadas que prestam cuidados continuados de saúde e de apoio social. O objetivo fundamental é a prestação de cuidados de saúde e de apoio social de forma continuada e integrada a pessoas, de qualquer idade, que estejam em situação de dependência.

Quando o reforço da Rede foi anunciado, o primeiro-ministro recordou que o “compromisso de dar nova vida às questões sociais está no centro da agenda do Governo desde o primeiro dia”. António Costa acrescentou que é preciso “redesenhar as políticas sociais públicas”. As áreas metropolitanas do Porto e de Lisboa são as regiões com maior carência de camas de cuidados continuados.

No seu programa de Governo, o Partido Socialista define "como prioridades expandir a resposta em cuidados continuados a todos os grupos etários”. No passado fim-de-semana foi dado mais um passo nesse sentido, com a entrada em funcionamento da Unidade de Cuidados Continuados Integrados de Melgaço. A inauguração significa também que o atual Governo continua a privilegiar o SNS e os cuidados de proximidade para servir as populações mais carenciadas.

Desenvolver a rede de cuidados continuados é fazer uma reforma estrutural no sector da saúde. Mas não se trata de fechar serviços ou privar as pessoas dos cuidados a que têm direito. “Pelo contrário, é uma reforma que permite à população aceder a melhores cuidados e a todos os contribuintes poderem gastar menos naquilo que é a defesa do SNS", garantiu o primeiro-ministro.

Isto significa que é necessário investir a montante, nos cuidados primários, em unidades de saúde familiar e em médicos de família; simultaneamente, a jusante, é preciso investir na rede de cuidados continuados para que as pessoas possam viver com doenças crónicas ou envelhecer com toda a dignidade.

Festa (?) do Pontal


A Festa do Pontal, iniciativa com que o PSD marca politicamente cada verão, saldou-se este ano por um não-acontecimento e mais um exemplo da errática oposição protagonizada por Passos Coelho. Aquilo que é habitualmente um evento de lançamento da rentrée social-democrata, foi uma cena patética de alguém que teima em mostrar-se ressabiado por os portugueses lhe terem retirado a confiança política.

O ex-primeiro-ministro, principal responsável por uma austeridade que quase atirou Portugal para a miséria, confunde a realidade de um país que está a crescer em vários indicadores, com um cenário catastrófico de que fala tanto que parece desejá-lo. Passos não reconhece a descida da taxa de desemprego, que atingiu recentemente os valores mais baixos desde 2009. Não reconhece que as empresas vão investir este ano mais do que nunca desde 2007. Que todos os indicadores de confiança estão em níveis mais elevados do que no final do ano passado. Custa-lhe admitir que os portugueses têm confiança na recuperação económica.

O líder do PSD adotou uma postura de quem vive num mundo que é só dele, negro e deprimente. Mas o Governo está gradualmente a devolver direitos às pessoas. Em Bruxelas, onde a Direita se mostrou subserviente, Portugal bate-se agora pelo verdadeiro interesse nacional que é praticar políticas mais justas e que combatam as desigualdades sociais.

Tenho curiosidade em saber que maneira se comportará Passos Coelho quando começar a ser definido o próximo Orçamento de Estado. Veremos se assume a atitude responsável que é lícito esperar do chefe do principal partido da Oposição ou se prefere continuar a mostrar que não consegue lidar com a realidade. Até os seus pares se mostram incomodados com a atitude e exigem-lhe que mude. 

(Artigo publicado no jornal "O Matosinhense", 25.ago.2016)


23 agosto 2016

Desemprego continua em queda


Em julho, os desempregados inscritos nos Centros de Emprego não chegavam aos 500 mil, o que aconteceu pela primeira vez desde 2009. Confirmam-se assim as estatísticas dos últimos meses, com a quinta descida mensal consecutiva no número de inscritos. A diminuição foi observada tanto em termos homólogos (menos 35.035 pessoas do que há um ano) como relativamente a junho (menos 13.979). Os dados relativos a julho trazem outra boa notícia: o número de casais em que ambos os elementos estão no desemprego, também desceu, prosseguindo uma queda constante que começou em março.

Segundo o boletim mensal do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), o país registou uma diminuição de 6,6 por cento no número de inscritos face ao mês homólogo de 2015 e caiu menos 2,7 por cento comparativamente ao mês anterior. Quanto ao tempo de inscrição, os desempregados de curta duração (inscritos há menos de um ano) diminuíram 4,9 por cento em relação a julho do ano passado, enquanto os desempregados inscritos há mais de um ano diminuíram 8,3 por cento.

Relevante é o facto de também estarem a baixar as novas inscrições, que é o indicador que melhor espelha o que está a acontecer no mercado de trabalho. É que esse número não é influenciado pela variação do número de ocupados (pessoas que deixam de ser consideradas desempregadas quando são integram programas de emprego ou de formação profissional) nem pelas anulações provocadas por faltas aos controlos quinzenais ou a convocatórias dos centros de emprego.

A descida anual do desemprego registou-se em todos os níveis de instrução e em todas as regiões do país, com o Algarve a registar a maior diminuição (-19,2 por cento relativamente a 2015). De acordo com o IEFP, as atividades económicas que tiveram maior expressão nas ofertas de emprego registadas em julho foram as relacionadas com o imobiliário e serviços de apoio. O comércio, o alojamento e a restauração vinham logo a seguir.

Os números continuam elevados, mas mostram que Portugal está a caminhar no bom sentido e de forma consistente. Longe de me satisfazerem, as estatísticas demonstram que é necessário que o Governo continue a estabelecer políticas que melhorem o nível de confiança das empresas e que permitam captar mais e melhores investimentos.

Preocupa-me particularmente as pessoas com mais de cinquenta anos, vítimas de desemprego prolongado. O desemprego de longa duração afeta mais de 260 mil pessoas. Entre os jovens, o desemprego é também ainda demasiado elevado para que os números agora revelados possam ser considerados como uma vitória. Essa só poderá acontecer quando o conseguirmos acabar com a precariedade e forem criados postos de trabalho estáveis e duradouros.

21 agosto 2016

Associação de Amigos Aposentados de Leça da Palmeira


A Associação de Amigos Aposentados de Leça da Palmeira, que comemorou ontem o 16º aniversário, tem a sua origem no antigo Clube de Amigos Aposentados, criado em 1999 e que funcionou, durante algum tempo, por baixo da Ponte Móvel. A mudança para um local mais digno aconteceu com a ocupação de um velho depósito de águas convertido em sede social.

A Associação é uma coletividade de todos e para todos, sobretudo depois de se ter aberto à participação das mulheres, que inicialmente não podiam fazer parte. Desempenha um papel importante junto da população mais idosa de Leça da Palmeira, com a organização de iniciativas que mantêm em atividade dezenas de pessoas retirando-as da solidão e do abandono social a que, de outra forma, estariam votadas. Registo com agrado o esforço da direção em redinamizar uma associação outrora pujante e que sempre teve na promoção de atividades de caráter social e de lazer uma forma de aproximar as pessoas de Leça.

Ontem voltei à Associação, convidada para estar presente na festa do seu 16º aniversário. Foi uma festa bonita, com a particularidade de terem participado grupos de freguesias e localidades vizinhas, o que é um sinal de abertura à comunidade. Agradeço aqui publicamente o convite que me foi dirigido. Espero voltar proximamente e continuar a merecer a forma calorosa como sempre fui recebida.

19 agosto 2016

Matosinhos – A escolha acertada


A notícia não me surpreende, mas enche-me de orgulho: de acordo com o motor de busca de alojamento Trivago, Matosinhos é o destino de praia mais barato do país para pernoitar. Em média, custa 71 euros por noite dormir em Matosinhos, comparativamente aos 344 euros que custa uma noite em Almancil, o destino mais caro de Portugal. Entre os dois, uma diferença de 273 euros, claramente favorável à terra onde nasci.

De acordo com o estudo da Trivago, divulgado pela revista Visão, Setúbal, Peniche, Ovar e Ericeira vêm a seguir na lista das cinco cidades mais baratas para pernoitar. Dormir em Setúbal, a segunda cidade mais barata custa também mais dois euros do que em Matosinhos.

As cidades com praias mais baratas são principalmente no norte e centro do país, com exceção de Aljezur e Faro que, com preços entre os 96 euros e os 107 euros, respetivamente, estão no top 15 das cidades mais baratas. No polo oposto, das mais caras, estão todas no Algarve: Almancil (344 euros), Vilamoura (270 euros), Alvor (244 euros) e Carvoeiro (236 euros). Cascais, na região de Lisboa, completa o top cinco das mais caras, com preços médios na ordem dos 213 euros por noite.

Segundo o estudo da Trivago, do ano passado para este ano diminuiu a diferença entre a cidade mais barata e a mais cara. Agora mais dois euros dormir em Matosinhos, mas custa menos 19 pernoitar em Almancil.

Os preços indicativos médios calculados pelo motor de busca mostram claramente que Matosinhos tem uma grande vantagem concorrencial nos preços que pratica. Mas mostra também que há margem para crescimento, sobretudo quando pensamos que o concelho tem nada menos do que dez praias de mar com bandeira azul: Pedras do Corgo, Funtão, Agudela, Quebrada, Marreco, Memória, Cabo do Mundo, Aterro, Leça da Palmeira e Fuzelhas. Cada uma delas é motivo para, nas nossas férias dedicarmos, pelo menos um dia ao nosso concelho. E existem outras excelentes praias em Matosinhos sem terem bandeira azul.

Se pensarmos na oferta que Matosinhos também tem ao nível da restauração e da gastronomia, dos eventos de índole cultural, das festas populares nas várias freguesias e num largo conjunto de outras iniciativas promovidas pelas autarquias (Câmara e Juntas de Freguesia) ou pelas coletividades, chegamos facilmente à conclusão de que deve ser continuado e mesmo incrementado o investimento que tem sido feito no Turismo como um dos mais importantes motores da economia local.

18 agosto 2016

Incêndios


Às 16h00 de domingo passado, um dos dias mais quentes do ano, havia quatro mil bombeiros a combater incêndios em Portugal. De acordo com a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), estavam mobilizados também meios aéreos e terrestres, tendo sido registados 250 fogos de dimensão diversa.

Todos os anos é a mesma coisa. Quando chega o Verão e o mercúrio sobe nos termómetros, o número de ocorrências multiplica-se e vemos o país esfumar-se aos poucos. Na última semana viveram-se dias particularmente difíceis, o que obrigou a ANPC a lançar o alerta laranja, o segundo mais alto, o que já não acontecia há quatro anos.

Regra geral, os incêndios começam por três tipos de razões: ignição espontânea, quando os elementos da natureza se conjugam, por ação criminosa ou ainda por negligência humana. Qualquer que seja a origem, há um pressuposto para que os fogos ganhem dimensão e se tornem, por vezes, incontroláveis: a existência de vegetação, normalmente mato.

A prevenção é a única forma de combater os incêndios de causas naturais: a limpeza regular das matas deve ser uma prioridade tanto para os proprietários dos terrenos como para as autarquias (câmaras municipais e juntas de freguesia). Existe aliás legislação nesse sentido que nem sempre é respeitada, por desconhecimento e negligência por parte da população e por falta de vigilância das autoridades.

A limpeza das matas reduziria também, drasticamente, se não o número pelo menos a dimensão de muitos fogos de origem criminosa. Como muitas pessoas, também eu penso que muitos dos incêndios são ateados intencionalmente. Para esses casos, sou de opinião que as autoridades devem estar dotadas de todas as condições para procederem às investigações, identificar os responsáveis e entregá-los à Justiça que os deve julgar e, se for cado disso, condenar sem contemplações.

Na maioria dos casos, no entanto, é a negligência que está na base dos incêndios. As queimadas não vigiadas ou feitas a horas impróprias, a beata de cigarro atirada pela janela fora ou as brasas abandonadas depois de um churrasco, são apenas três exemplos de comportamentos que urge modificar.

Permito-me mesmo recordar as declarações da ministra da Administração Interna, há cerca de um mês. Falando do risco de incêndio que o país enfrenta devido às condições meteorológicas, Constança Urbano de Sousa afirmou que “a prevenção começa pelos comportamentos dos cidadãos, que devem evitar comportamentos de riscos. A proteção civil começa em cada um de nós, e Portugal sem fogos depende de cada cidadão”. É bom, acrescento eu, que todos tenhamos consciência da responsabilidade que temos na prevenção e não hesitemos um desempenhar esse papel.

Por outro lado, e numa perspetiva a médio e longo prazo é necessário que o Portugal adote uma política florestal que tenha também em vista as condições climatéricas que normalmente se fazem sentir no país. O estabelecimento dessa política florestal é dificultado pela existência de muitos terrenos abandonados cujos proprietários são desconhecidos e pela existência de muitos minifúndios.

Mas devemos reconhecer que a nossa floresta, sobretudo composta por pinheiro bravo e eucalipto, de combustão rápida, deveria ser gradualmente substituída por outras espécies, nomeadamente sobreiros, carvalhos, medronheiros, castanheiros, loureiros e azinheiras, por exemplo, que são árvores autóctones. Além de outras vantagens, estas espécies estão mais adaptadas às condições do solo e do clima do nosso país, em comparação com o pinheiro ou o eucalipto.

Claro que não é fácil mudar tudo de imediato, porque implica acabar com hábitos de centenas de anos de tradição no plantio de pinhal e, mais recentemente, de eucaliptal, com o impacto negativo que isso implicaria para a indústria da celulose, por exemplo, que é importante para a economia. Mas o aumento da área se sobreiros e de outras espécies teria também um impacto positivo nas contas do país, além do impacto ambiental que deve igualmente ser calculado e quantificado.

(Artigo publicado no jornal "O Matosinhense", de 11.ago.2016)

16 agosto 2016

Fruta em vez de doces e de salgados


Seis meses. Os centros de saúde, hospitais e unidades locais de saúde têm meio ano para rever os contratos com as empresas exploradoras de máquinas automáticas de venda de produtos prejudiciais à saúde. Os artigos com elevado teor de sal e de açúcar vão ser banidos de todas as máquinas existentes nos serviços do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Trata-se de uma medida que dá corpo à vontade do Governo de defender o SNS e promover a saúde dos portugueses salientando como fundamental a política de promoção de uma alimentação saudável. Os alimentos com excesso de calorias, sobretudo aqueles com altos teores de sal, de açúcar e de gorduras, representam os maiores riscos para a saúde da população portuguesa. Para o Ministério da Saúde é essencial desenvolver uma política alimentar que crie condições para que os cidadãos possam, de forma responsável, viver em saúde. Foi nesse sentido que foi criado, em março passado, o Programa Nacional de Educação para a Saúde, Literacia e Autocuidados, destinado a promover a capacitação dos cidadãos para tomar decisões informadas sobre a saúde.

E que tem isto a ver com as máquinas de venda automática em estabelecimentos do Serviço Nacional de Saúde? Tudo. Porque o Governo entende, e muito bem, que a literacia em saúde não se esgota na disponibilização de informação aos cidadãos - deve traduzir-se também na adoção de políticas e práticas condizentes com a promoção de escolhas saudáveis.

A implementação desta medida, tomada depois de ouvidas a Ordem dos Médicos e a Ordem dos Nutricionistas, exige uma alteração de comportamento por parte dos consumidores e das próprias empresas que exploram as máquinas. Teve-se em conta que os produtos comercializados não se destinam apenas a doentes, mas também aos seus acompanhantes que por vezes têm de esperar que os primeiros seja atendidos. Nesse sentido, o Ministério da Saúde propõe que os produtos agora banidos sejam substituídos pelos seguintes alimentos: leite, iogurtes, de preferência sem adição de açúcar, sumos de frutas e néctares, pão adicionado de queijo meio-gordo ou magro, fiambre com baixo teor de gordura e sal, carne, atum ou outros peixes de conserva e fruta fresca.

Com esta medida, o Ministério da Saúde prova que é possível cuidar melhor da saúde dos portugueses sem despender de mais recursos financeiros. São pequenos passos que produzem grandes efeitos.

(Artigo publicado no "Jornal de Notícias", de 16.ago.2016. Pode lê-lo diretamente na página do jornal clicando aqui)

15 agosto 2016

Universidade de excelência


Portugal melhorou a sua posição no mais antigo ranking de universidades do mundo, a lista de Xangai, que agora passa a integrar também as universidades de Aveiro e do Minho. A Universidade de Lisboa, melhor posicionada entre as portuguesas, também melhorou o seu lugar, estando entre as 200 mais prestigiadas.

A classificação detalha as posições das instituições até ao centésimo posto. Depois, as universidades aparecem colocadas em intervalos. Lisboa, que desde há dois anos tem sido a melhor portuguesa, surge agora entre o 151º e o 200º lugar. No ano passado aparecia no intervalo 201º-300º.

A Universidade do Porto, no intervalo 301-400 e a Universidade de Coimbra, entre a 401ª e a 500ª posição, mantêm-se na lista e nas mesmas janelas de seriação e a novidade é mesmo o aparecimento das universidades de Aveiro e do Minho, que se estreiam no ranking.

A entrada da Universidade do Minho na lista é vista como “natural e expectável”, mas a estreia é encarada com “entusiasmo”, devido aos critérios usados para a construção da lista, que favorecem os estabelecimentos com mais história. A Universidade do Minho e a de Aveiro Como foram fundadas em 2003 e são consideradas de média dimensão a nível internacional.  Como os critérios do ranking de Xangai beneficiam instituições maiores, a entrada de ambas merece ser assinalada.

O ranking de Xangai é publicado todos os anos, desde 2003. A Universidade de Harvard (EUA) ficou sempre no primeiro lugar. Cambridge, no Reino Unido, é a melhor universidade europeia, no quarto lugar. A tabela é feita com base em seis indicadores, entre os quais o número de antigos alunos, professores e investigadores galardoados com o Prémio Nobel, o número de cientistas altamente citados, o número de artigos publicados em revistas especializadas e o número de artigos indexados.

Com os excelentes resultados obtidos pelas instituições portuguesas não surpreende que os jovens formados no nosso país sejam cada vez mais procurados no estrangeiro. Por um lado, isso é, naturalmente, motivo de satisfação e mesmo de orgulho. Mas esses sentimentos não nos podem desviar de algo mais importante: a necessidade, imperiosa, de criar condições para que esses jovens não tenham necessidade de emigrar e possam integrar o mercado de trabalho em Portugal e desenvolver projetos que enriqueçam o país.

14 agosto 2016

Portugal a crescer


Em junho, a produção industrial cresceu em Portugal 1,2 por cento face ao mesmo mês do ano passado e dois por cento em relação ao mês anterior. Os dados são do Eurostat, que revela que em ambas as comparações o nosso país dobrou a média dos países do euro, onde este indicador avançou 0,4 por cento em termos homólogos. Na União Europeia (ainda) a 28, o crescimento foi de 0,5 por cento.

Os especialistas aponta, a subida da produção industrial na região da moeda única pelo aumento de 1,1 por cento da produção de bens de capital, de 0,9 por cento dos bens duradouros e não duradouros. A queda de 3,5 por cento na produção de energia impediu um maior crescimento.

As maiores subidas face a junho do ano passado registaram-se na Letónia, Grécia e Eslovénia. Em sentido contrário, Malta, Estónia e Suécia tiveram as maiores descidas.

Em termos de média, Portugal também se destaca dos outros países da Zona Euro na comparação trimestral. No nosso país a produção da indústria cresceu dois por cento em junho face ao mês anterior, enquanto na Zona Euro o avanço foi de 0,6 por cento. Na Europa a 28 o crescimento foi de 0,5 por cento, rebocado pelo desempenho da Irlanda, Bulgária e Grécia. As maiores descidas foram na Estónia, Hungria e Malta.

As estatísticas indicam que Portugal está no bom caminho e que está a crescer. Cabe ao Governo criar as condições para que a iniciativa privada continue a crescer também, criando postos de trabalho, diminuindo o desemprego e criando riqueza.

O combate à Hepatite C tem de começar já


O Dia Mundial da Hepatite, comemorado a 28 de julho e a que o Público deu larga cobertura, foi escolhido para a entrega, na Assembleia da Republica, de um projeto de resolução em que se recomenda ao Governo o reforço das medidas de eliminação das Hepatites Virais. Os dados da Organização Mundial de Saúde impressionam: 400 milhões de pessoas infetadas e mais seis a dez milhões de novos casos por ano; 95% das pessoas com Hepatite não sabe que está doente, mas mais de 90% das que têm Hepatite C podem ser curadas. Um número significativo desenvolverá cirroses hepáticas ou cancro do fígado; anualmente morrem cerca de 700.000 pessoas com doenças do fígado relacionadas com a Hepatite C. Em maio, a Assembleia Mundial da Saúde aprovou a primeira "Estratégia do Sector de Saúde Global sobre Hepatites Virais, 2016-2021". O documento aponta para a eliminação da doença, assumindo metas globais a atingir até 2030: redução de novas infeções em 90% e redução de mortes em 65%.

O movimento mundial pela eliminação da Hepatite também foi lançado a 28 de julho. O NOhep pretende “fornecer uma plataforma para assegurar que os compromissos globais sejam alcançados e a Hepatite Viral seja eliminada até 2030.” Na Europa, o Manifesto de apoio à supressão da Hepatite C defende que esse deve ser um objetivo explícito das políticas de saúde e quer assegurar o envolvimento dos doentes e da sociedade civil na implementação das estratégias de eliminação da doença. Também é preconizada uma atenção particular às ligações entre a doença e a marginalização social e recomenda-se a criação de uma Semana de Sensibilização Europeia para realizar iniciativas educacionais em toda a Europa.

Em Portugal, a preocupação também é grande. Em 2014 foi publicado o “Consenso estratégico para a gestão integrada da Hepatite C em Portugal” e soube-se que a prevalência do anticorpo contra a Hepatite C situa-se entre 1 e 1,5% da população. Podem morrer em Portugal entre 900 a 1200 pessoas por ano por complicações relacionadas com a doença. “É urgente fazermos mais na prevenção da Hepatite C”, concluía o documento, até porque tudo indica haver uma prevalência muito alta nos grupos de risco. Segundo o Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências, a comorbilidade de Hepatite C e VIH em toxicodependentes é elevada. Dentro das prisões, 72% dos infetados pelo VIH eram também positivos para a Hepatite C.

No nosso país, os dados mais recentes apontam para 8 136 tratamentos iniciados, 3 234 doentes curados e 128 doentes não curados. É bom, mas a guerra contra a Hepatite C não pode acabar aqui. 
Dos 13 mil doentes que no início de 2015 tinham sido identificados, cerca de 40% ainda não iniciaram o tratamento. Haverá um número muito significativo de infetados que não está diagnosticado. E há muito trabalho a fazer no campo da prevenção.

No projeto apresentado na Assembleia da República, de que sou a primeira signatária, defendo que Portugal precisa de um programa integrado e sistemático de eliminação da Hepatite C em linha com as melhores recomendações internacionais. Por isso se recomenda que o Programa de Saúde Prioritário na área das Hepatites Virais seja dotado dos meios humanos e financeiros suficientes. 

Devemos estabelecer um programa para a eliminação da doença, privilegiando a prevenção, o rastreio, o diagnóstico, o tratamento adequado e a monitorização. As associações de doentes têm de ser envolvidas e deve reforçar-se o papel importante da Medicina Geral e Familiar no rastreio das Hepatites Virais e na ligação aos cuidados primários de saúde. E é necessário investir na formação dos profissionais de saúde na área das Hepatites Virais.

Referindo-se à Hepatite C, o ex-presidente da República, Jorge Sampaio, escreveu que “as emergências não esperam”. Por isso, o combate tem de começar já.

(Artigo publicado no jornal "Público", 13.ago.2016)


12 agosto 2016

Dia Internacional da Juventude


O Dia Internacional da Juventude celebra-se a 12 de agosto, por resolução da Assembleia Geral da ONU em 1999. Foi a resposta das Nações Unidas à recomendação da Conferência Mundial de Ministros Responsáveis pela Juventude, reunida em Lisboa no ano anterior. Os ODS são a nova agenda de ação da ONU até 2030, que se baseia nos progressos e lições aprendidas com os 8 Objetivos de Desenvolvimento do Milénio, entre 2000 e 2015. Esta agenda é resultado do trabalho de governos e cidadãos de todo o mundo para criar um novo modelo que acabe com a pobreza, promova a prosperidade e o bem-estar de todos, proteja o ambiente e combata as alterações climáticas.

A ONU incentiva a celebração através da organização de atividades que mostrem os contributos dos jovens para o desenvolvimento, que promovam a compreensão mútua e façam ressaltar os benefícios e a importância da participação dos jovens em todos os aspetos da sociedade.

A cada ano, não fico indiferente à celebração do Dia Internacional da Juventude, por várias razões. Não esqueço que foi através do Conselho Consultivo da Juventude que comecei a minha atividade pública, em 1993. Nos meus primeiros anos de autarca, na Câmara de Matosinhos, fui também vereadora da Juventude. Desse período ficam, entre outras marcas, a abertura das Casas da Juventude de Santa Cruz do Bispo e de S. Mamede de Infesta que juntamente com a Casa da Juventude de Matosinhos (que foi inaugurada quando eu ainda era membro do Conselho Consultivo), são equipamentos que ainda hoje servem a população do concelho.

Apesar dos anos que, entretanto, passaram, continuo muito atenta às questões que dizem respeito aos jovens. Eles são, afinal, o futuro do País.

Os jovens portugueses – e não só portugueses, mas centremos-nos nestes – estão hoje confrontados com desafios que nos convocam a todos. O maior e mais importante, é o problema do desemprego. 

Ontem, a imprensa indicava que um em cada seis jovens portugueses não estudava nem trabalhava em 2015. Segundo dados do Eurostat, os jovens entre os 20 e os 24 anos estão cada vez mais a usufruir do estatuto de trabalhador-estudante e estudante. Ou seja: há cada vez menos jovens exclusivamente a trabalhar. Entre 2006 e 2015 verificou-se uma queda acentuada (de 49 por cento para 31,7 por cento) dos jovens que apenas trabalham.

A opção pelo prosseguimento dos estudos é compreensível devido à dificuldade em encontrar trabalho. Face a esse obstáculo, os jovens continuam a estudar e a adquirir cada vez mais competências, adiando a entrada no mercado de trabalho. E essa entrada faz-se, muitas vezes, no estrangeiro, com custos sociais e financeiros importantes: Portugal não só não beneficia das competências que os jovens adquiriram, como está a pagar a formação de jovens que vão colocar as suas competências ao serviço de outros países, contribuindo para o desenvolvimento dessas nações.

O número de jovens portugueses com elevadas competências profissionais que têm abandonado o país é preocupante. Urge criar condições para parar o êxodo e promover o regresso dos que partiram, coisa que não pode acontecer, naturalmente, de um dia para o outro, mas fruto de uma política consistente de valorização dos jovens, de abertura de oportunidades e de criação de postos de trabalho.

10 agosto 2016

Há esperança


Diariamente vemos e ouvimos coisas que nos levam a perguntar para onde vamos enquanto Sociedade. Os valores éticos e morais são questionados, postos à prova. Muitas vezes, o “mal” prevalece sobre o “bem” que nos ensinaram. E, quando assim é, invariavelmente perguntamos “onde é que isto vai parar?”.

Basta ver televisão ou passar os olhos pelas páginas dos jornais. Estão de cheios de notícias sobre crimes, mais ou menos sórdidos e de outros comportamentos que, não sendo ilegais, são altamente questionáveis do ponto de vista da moralidade.

E depois há sempre qualquer coisa que nos reconcilia com a vida. Aquele casal de Estarreja, por exemplo. No domingo passado, sob o calor abrasador do dia mais quente do ano, milhares de pessoas ficaram retidas na autoestrada A-1, cortada devido aos incêndios. Foram sete horas de uma espera prolongada. Crianças e adultos sem comida nem sequer água para beber. Algumas grávidas.

Lucinda Borges e Paulo Pereira. São o “tal” casal, de Estarreja. Compraram (e pagaram do próprio bolso) mais de mil litros de água para darem de beber a quem estava na autoestrada, preso sem poder sair. "O maior agradecimento que podemos ter foi a sensação de bem-estar por poder ajudar todas aquelas pessoas. Se morresse agora, ficava satisfeita pela ajuda que dei", disse Lucinda.

Mas este casal é apenas um exemplo entre muitos no país. A entrega e dedicação dos portugueses têm sido determinantes para minorar as consequências dos incêndios. São pessoas anónimas, altruístas, solidárias, milhares que evidenciam a generosidade do povo português.

Domingo passado, em Estarreja e noutros locais por esse Portugal fora, a solidariedade voltou a vencer, a falar mais alto. Afinal há esperança para este Mundo.

09 agosto 2016

Super-heróis


Hoje, os jornais traziam na capa e faziam o respetivo desenvolvimento a medalha de bronze brilhantemente conquistada pela “nossa” Telma Monteiro, ontem nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. O desempenho da judoca portuguesa permitiu qua a bandeira nacional fosse içada num pódio olímpico, mas o nosso país tem por estes dias outros heróis.

Anteontem, a norte da praia dos Pescadores, em Angeiras, numa zona não vigiada, foi o nadador-salvador Rafael Araújo a vestir o fato de herói. Três crianças que estavam a brincar em poças de água, foram arrastadas pelas ondas e ficaram em perigo. Um banhista que tentou socorrê-las ficou também em apuros. O trabalho de Rafael Araújo foi fundamental para retirar da água duas das crianças. É ele quem conta: “A situação foi exigente. Foram cerca de dez minutos num mar muito agitado. Tinha os miúdos presos a mim, pela cinta, mas por várias vezes a força das ondas empurrava-os. Esperei que uma onda nos cuspisse para fora de águas, mas quando já estávamos na linha de água, uma onda tornou a puxar-nos para o mar. Aquela reviravolta era mesmo para arrastar”.

Era. Mas não foi. A valentia, a coragem, a determinação de Rafael Araújo permitiram que esta fosse uma história com final feliz.

Por estes dias, os bombeiros têm sido outros super-heróis. Valentes, corajosos e determinados como o nadador-salvador de Angeiras, os soldados da paz têm lutado contra as chamas com uma generosidade e entrega que merecem o nosso respeito e admiração. A situação que se vive no continente e, também, na Madeira, é grave e preocupante e só não o é mais porque existem bombeiros em quem confiamos.

Ainda bem que temos nadadores-salvadores e um corpo de bombeiros dedicado, mulheres e homens valentes que arriscam a vida deles para, muitas vezes, salvar a nossa.

Congresso de Cuidados Continuados


A segunda edição do Congresso Nacional de Cuidados Continuados Integrados foi marcada para o Porto, onde decorrerá a 4 e 5 de novembro. Faltam ainda quase três meses, mas justifica-se que dedique já um artigo ao congresso, cuja organização é extremamente importante e oportuna por permitir uma reflexão e avaliação do funcionamento da Rede Nacional de Cuidados Continuados (RNCC), dez anos após a sua criação.

Embora o programa não esteja ainda completamente definido (decorre atualmente o período de candidatura de comunicações), os objetivos estão claramente definidos e passam por analisar os processos de acesso à RNCC e a sua consolidação, nomeadamente ao nível do planeamento, gestão, competências e processos. Pretende-se também conhecer os modelos de organização na prestação de cuidados Continuados Integrados e o processo de regulação e qualidade desses cuidados. Atualizar conhecimentos relacionados com ambiente seguro na prestação de cuidados de saúde e divulgar projetos de melhoria da qualidade dos cuidados nos ambientes clínicos e de investigação são outros objetivos.

O congresso decorrerá sob a forma de conferências e painéis temáticos de natureza teórica e teórico-prática, Workshops temáticos e palestras científicas. Eu própria fui convidada para integrar um painel de reflexão e de discussão sob o tema “Os 10 Anos RNCCI ao Paradigma do Futuro”, logo no primeiro dia.Os destinatários do congresso são médicos e outros profissionais de saúde (enfermeiros, fisioterapeutas, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, terapeutas da fala, psicólogos), estudantes de áreas das Ciências da Saúde e/ou Ciências Sociais e diretores técnicos e responsáveis por entidades na área da saúde.

A Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados foi criada em 2006 e consiste num novo nível estruturante de cuidados do Serviço Nacional de Saúde. Na sua origem esteve a necessidade de dar resposta a um número crescente de pessoas em situação de dependência.

Passada uma década, este congresso enquadra-se num contributo baseado na partilha de experiências ao nível da decisão política em saúde, da gestão e qualidade de cuidados em saúde, da prática clínica e da investigação em saúde, com vista a promover a melhoria da qualidade no seu funcionamento.

07 agosto 2016

Desemprego diminui em Matosinhos


De maio para junho, o desemprego diminuiu 0,5 por cento no concelho de Matosinhos. Segundo os dados do Sistema de Informação Local, há agora 10.419 desempregados no concelho, menos 408 do que no mês anterior. Face ao período homólogo de 2015, regista-se uma descida do desemprego de 0,9 por cento.

Os dados não são satisfatórios, mas são encorajadores. De 12,3 por cento de desempregados em maio, passou-se para 11,8 por cento em junho. Os resultados estão em linha com a queda a nível nacional, uma vez que há três meses consecutivos que a taxa fica abaixo dos 12 por cento. O desemprego global em Portugal é de 11,2 por cento.

Em termos gerais, o desemprego atingiu um máximo de mais de 17 por cento em 2013 e tem estado a cair progressivamente desde então. Em abril passado baixou dos 12 por cento pela primeira vez, coisa que não acontecia desde 2010. E já não havia valores tão baixos como os agora verificados desde novembro de 2009.

Os dados do Instituto Nacional de Estatística indicam que havia em junho 568.800 pessoas desempregadas em Portugal. São menos quatro mil do que em maio e menos 62.500 do que em junho do ano passado. Se olharmos para as pessoas empregadas, havia 4,532 milhões, o que significa mais 7.700 pessoas do que em maio. Se compararmos com o mesmo mês do ano passado, então há um aumento de 41.500 pessoas empregadas.

Os resultados são encorajadores, qualquer que seja o ângulo por que se olhe para eles. Mas revelam também que há muito a fazer para que o desemprego continue a baixar. Sobretudo, é preocupante o desemprego jovem (pessoas entre os 15 e os 24 anos que estão no mercado de trabalho), cuja taxa é de 27,2 por cento. Compreende-se que muitos jovens tenham procurado no estrangeiro as oportunidades que Portugal lhes recusou. Mas é necessário inverter essa situação e evitar que continue o êxodo de jovens com elevadas qualificações, adquiridas no nosso país, mas postas em prática no estrangeiro. Assumo também uma preocupação especial com as pessoas na casa dos 50 anos, que perderam o emprego e que não conseguem colocação.

O que é que isto quer dizer? Que o governo central e as autarquias têm de continuar a trabalhar e redobrar esforços no sentido de melhorar o índice de confiança e as condições em que a iniciativa privada pode constituir-se como criadora de mais postos de trabalho. É necessário acelerar a execução dos fundos europeus, que dará mais competitividade às empresas. Recordo que ao nível das pequenas e médias empresas, o Governo do Partido Socialista criou um programa com 131 medidas para capitalizar as unidades que estão mais dependentes do crédito bancário de curto prazo.

06 agosto 2016

Boas férias


Está quase a chegar a época de férias para grande parte de nós. Em agosto, o País vai a banhos e Matosinhos não foge à regra. Após um ano de trabalho é bem merecido este período de descanso para espairecer e recuperar, recarregando baterias para mais um ano. As praias do Algarve e da costa alentejana são os destinos mais procurados, para quem passa férias cá dentro. Outros preferem o sul de Espanha ou aproveitam as férias para voar para longe. Outros há, todavia, que por opção ou obrigação ficam perto de casa.

Matosinhos tem praias maravilhosas. Sabia que somos o concelho a norte do rio Douro que tem mais praias com Bandeira Azul? São dez: Pedras do Corgo, Funtão, Agudela, Quebrada, Marreco, Memória, Cabo do Mundo, Aterro, Leça da Palmeira e Fuzelhas. Cada uma delas é motivo para, nas nossas férias dedicarmos, pelo menos um dia ao nosso concelho.

É perfeitamente legítimo que as pessoas que trabalharam um ano inteiro queiram agora, neste período de descanso, mudar de ares. Mas se reservarmos um dia – um que seja! – das nossas férias a Matosinhos estaremos a contribuir para apoiar e desenvolver a economia local. O consumo de um refrigerante no bar da praia, entre dois mergulhos, a compra de um gelado para as crianças, um aperitivo tomado antes do regresso a casa, um jantar em família no restaurante da esquina da rua, são contributos importantes para valorizar a economia local. São pequenos gestos, é verdade, mas que, quando multiplicados pelos muito que somos podem fazer a diferença.

Para quem não goste de praia, Matosinhos tem também uma oferta alargada, com inúmeros espetáculos culturais e musicais. O Cine-Teatro Constantino Nery prossegue a sua programação, recheada de interesse; as obras de Siza Vieira, em Leça da Palmeira, o mosteiro de Leça do Balio ou a Casa Museu de Abel Salazar merecem também uma visita, além de outros monumentos nacionais do concelho.

Um dia, se possível mais, mas um dia, pelo menos. Reserve-o para conhecer a história de Matosinhos, desfrutar da beleza das nossas praias e apoiar, mesmo que simbolicamente, a economia local. E tenha uma boas férias!


(Artigo publicado no "Notícias Matosinhos", de 05.ago.2016)


05 agosto 2016

Os Jogos Olímpicos


Os Jogos Olímpicos Rio 2016 são inaugurados esta noite, com uma cerimónia de abertura que se anuncia um espetáculo de som, luz e cor. Na realidade a competição começou ontem (Portugal estreou-se no Futebol, com uma vitória sobre a Argentina), mas a cerimónia protocolar que marca o início oficial dos jogos é só esta noite (23h30, na RTP-1,). Estarão presentes mais de 10.500 atletas, em representação de 206 países. É o momento mais mediático do planeta, visto por mais de mil milhões de pessoas espalhadas pelos cinco continentes.

Em termos desportivos, aquilo que eu espero é um bom desempenho dos atletas portugueses. Ao todo são 92, dos quais 19 nascidos no estrangeiro, que participarão em 16 modalidades. Além do Futebol, onde se espera uma boa prestação da seleção comandada por Rui Jorge, há justificadas expetativas quanto a medalhas no Atletismo, na Canoagem e no Judo.

Mas além do aspeto desportivo há outras questões que me parece importante relevar. Uma tem a ver com o facto de ser esta a primeira vez que os Jogos Olímpicos se disputam num país de língua oficial portuguesa. Esta simples circunstância deveria encher-nos de orgulho e motivar todos para fazermos deste acontecimento um motivo de afirmação da Língua Portuguesa que é, afinal, uma das maiores (se não a maior) das nossas riquezas culturais.

Outra questão tem a ver com o clima social, económico e político que se vive no Brasil. A instabilidade que reina no país não é de agora: todos estarão ainda recordados da convulsão vivida há dois anos, aquando da fase final do Campeonato do Mundo de Futebol. As coisas não melhoraram desde então e a destituição da presidente Dilma Rousseff é ainda demasiado recente para estar esquecida. O mais natural é que os grupos de cidadãos, os sindicatos, os próprios movimentos e partidos políticos aproveitam a mediatização criada pelos Jogos Olímpicos para promover as suas lutas e os seus ideais.

Uma última palavra para o terrorismo. Na Antiguidade, as guerras paravam para que as Olimpíadas se realizassem. Era imposta uma trégua que era rigorosamente respeitada pelos beligerantes. Mesmo na era moderna, os Jogos Olímpicos foram durante muitos anos considerados como um ato de paz ainda que nele participassem nações beligerantes.

Mas deixou de ser assim há muito tempo. O receio de atentados terroristas é agora omnipresente e atinge o auge quando e onde há grandes concentrações de pessoas, como é agora o caso no Rio de Janeiro. Tenho a certeza que as autoridades brasileiras previram todas as situações possíveis de forma a reduzir ao máximo as possibilidades de ações terroristas. Infelizmente, no entanto e como se tem visto, parece que os terroristas andam sempre um passo mais à frente.

Espero e confio que, daqui por um mês, quando os Jogos terminarem, o balanço a fazer seja puramente desportivo. E que tenhamos então motivos para festejar a dupla satisfação de termos tido umas Olimpíadas “limpas” e de a delegação portuguesa trazer algumas medalhas na bagagem.

04 agosto 2016

Morreu João Faneco


Esta madrugada, no Hospital Pedro Hispano, morreu uma parte do Leixões. João Faneco, 83 anos de dedicação ao clube, perdeu o seu último combate, o jogo mais importante da sua vida. Era uma referência para milhares de miúdos que passaram pelos escalões de formação do Leixões a que o próprio Faneco se entregou de alma e coração.

João Faneco foi internado há alguns dias, na sequência do agravamento do seu estado de saúde. Depois de um AVC em outubro, passou por uma fase de convalescença em Paredes, e tinha regressado há pouco a Matosinhos, tendo ficado no Lar dos Pescadores, da Associação dos Pescadores Aposentados.

O clube, que deu o nome de João Faneco à sua escola de jogadores deve-lhe muito. João Faneco era, ele próprio uma instituição. Jogador do Leixões durante quase uma década, nos anos 50 do século passado, viu a sua carreira interrompida por uma grave lesão que o obrigou a uma longa paragem. Voltou depois disso, ainda jogou no Gil Vicente, no Tirsense e no Penafiel, mas o coração era – sempre foi – leixonense. Quando deixou de jogar passou a treinar os miúdos, na praia, até ser convidado a trabalhar com o Leixões.

“Pelas minhas mãos passaram muitos jogadores que depois fizeram carreira como profissionais”, disse um dia. Mas o seu maior orgulho era ter contribuído para formar Homens, porque a Escola João Faneco não tem apenas a vertente desportiva. “Somos uma escola educativa”, dizia sem perder de vista o terreno de jogo, onde dezenas de miúdos corriam atrás da bola.

Hoje, Matosinhos perdeu um dos seus cidadãos mais ilustres e o Leixões perdeu um dos seus colaboradores mais devotados. É um dia de luto.

Férias em segurança


A Autoridade Marítima Nacional registou sete mortos desde o início da época balnear. São mais quatro do que no ano passado. Das mortes ocorridas este ano, seis foram por afogamento, metade das quais em praias não vigiadas, e a outra em resultado de doença súbita.

Cada morte é uma tragédia. Para a família e amigos da vítima, em primeiro lugar, mas também para o País que perde força de trabalho: entre as pessoas que morreram afogadas estão jovens com 14, 16 e 17 anos que teriam, em situação normal, muitos anos pela frente.

Escolher uma praia vigiada, quer ela seja fluvial ou marítima, é um bom ponto de partida para passar férias em segurança. Mas a Autoridade Marítima Nacional aconselha que se sigam outras regras e se adotem comportamentos que passam por “não tomar banho em zonas de enrocamento e pontões; garantir um intervalo de três horas, após uma refeição normal, antes de ir a banhos; e respeitar escrupulosamente as indicações dos nadadores-salvadores”.

Em Matosinhos funciona o Sistema de Segurança Balnear (SSB), uma parceria inédita implementada pela Câmara Municipal, em colaboração com a Autoridade Marítima e o Instituto de Socorros a Náufragos. O projeto, que entrou em vigor em 2008, destina-se a garantir a segurança de todos os utilizadores do espaço marítimo: banhistas e amantes de surf, kitesurf e vela, entre outros desportos. O objetivo da autarquia é atingir padrões de segurança acima da média.

O SSB é composto por uma equipa de nadadores-salvadores com formação profissional complementar – curso de técnico de salvamento aquático, carta de patrão local, suporte avançado de vida e curso de condução de meios de salvamento em mar. A assistência é feita durante todo o ano nas praias concessionadas e não concessionadas do concelho.

Mas lembre-se: a observação das regras é essencial para que a época balnear decorra em segurança. Ou seja: se adotarmos um comportamento responsável, estamos automaticamente a reduzir os riscos.

03 agosto 2016

Natalidade a crescer


A natalidade está a crescer em Portugal. A subida confirma a tendência já verificada em 2015 e que inverte a descida constante que se verificava desde 2010. Ainda é cedo para festejar, mas a notícia é boa e deseja-se que o movimento continue em crescendo nos próximos anos. No primeiro semestre de 2016, só nos distritos da Guarda e de Portalegre nasceram menos bebés do que no período homólogo do ano passado. Beja, Bragança, Faro, Leiria e Viseu tiveram variações positivas na casa dos dois dígitos. No distrito do Porto, a subida foi de 5,7 por cento, um pouco menos do que em Lisboa, com 6,4.

Há analistas que justificam o aumento dos nascimentos pelo adiamento da maternidade. Ou seja, mulheres que adiaram o projeto de ter filhos, chegaram a uma idade em que não podiam adiar mais e começaram a engravidar. Por outro lado, sabendo-se que muitas mulheres emigraram nos últimos anos, a maioria delas em idade fértil, poderia pensar-se que a taxa de natalidade continuaria em queda acentuada. Mas não foi isso que se passou e, na minha opinião, o crescimento significa, antes de tudo, que os portugueses (e, naturalmente, as portuguesas) têm agora mais confiança no futuro.

Porém, os nascimentos são ainda muito pouco numerosos em alguns distritos (Bragança, Guarda e Portalegre ficaram aquém dos 500) para contrariar o envelhecimento da população e compensar a emigração registada nos últimos anos. As estatísticas mostram os desequilíbrios geográficos e as assimetrias que se notam também ao nível da natalidade, com o interior a desertificar e com uma população envelhecida.

A população de Portugal tem diminuído nos últimos anos mais recentes. Além da relação natalidade / mortalidade, o que tem contribuído para isso é o saldo migratório negativo: saem mais pessoas do país do que aquelas que entram. Para crescer, Portugal está cada vez mais dependente da imigração, como aliás acontece com a quase totalidade dos países europeus.

Comparativamente aos restantes países da União Europeia, Portugal é onde se têm menos filhos. Cada portuguesa tem, em média, 1,23 filhos, quando a média europeia é de 1,58. França, com uma taxa de fecundidade de 2,01, é o único país em que as mulheres têm, em média, mais de dois filhos. Irlanda (1,94), Suécia (1,88) e Reino Unido (1,81), vêm logo a seguir. Nos últimos lugares, além de Portugal, aparecem a Grécia (1,30), Chipre (1,31) e Espanha (1,32). A taxa desejada, que assegura a renovação das gerações, é 2,1, o número médio de nascimentos por mulher necessário para manter constante o tamanho da população, sem contar com os movimentos migratórios. Mas nenhum país da União Europeia consegue chegar a esta meta.

Os números mostram a necessidade de uma política global de incentivo à natalidade. A subida que se verificou em Portugal nos últimos dois anos é positiva. Mas não chega.

02 agosto 2016

A magia da Livraria Lello


Um dos mais belos cartões-de-visita do Porto é a Livraria Lello, na rua das Carmelitas, bem pertinho de outro ex-libris da cidade, a Torre dos Clérigos. Com 110 anos de história (foi inaugurada a 13 de janeiro de 1906), a velha Lello voltou agora a ser notícia pelas obras de recuperação por que passou e pelo lançamento, exclusivo em Portugal, do novo livro da saga Harry Potter. Compreende-se: foi na escadaria carmim desta livraria que a escritora inglesa J. K. Rowling se inspirou para imaginar a escola de magia de Hogwarts onde o jovem feiticeiro aprendeu os seus melhores truques.

Depois da remodelação, a Lello é a mesma de sempre. Mas, desde sábado, aparece-nos de “cara lavada”. O famoso vitral foi desmontado e recuperado, o que aconteceu pela primeira vez. Por outro lado, a fachada foi igualmente recuperada e pintada conforme a original. Uma segunda fase de obras, no interior, deverá estar concluída antes do final do ano.

A Lello é reconhecida como uma das mais belas livrarias do Mundo devido ao seu valor histórico e artístico. É um conjunto em que a arquitetura e os elementos decorativos deixam transparecer o estilo dominante no início de século XX. Em suma: se a icónica livraria já merecia uma visita, agora a passagem é obrigatória.

Por semana, o local é visitado por cerca de três mil pessoas, a maior parte das quais turistas. Se ainda não conhece, está na hora de a descobrir. Desde o ano passado, a entrada é paga – três euros, descontados na compra de livros. A taxa visa limitar o número de turistas, pois as visitas contínuas acabam por deteriorar o espaço. Apesar de tudo, a aplicação da taxa não fez com que o número de visitas reduzisse – pelo contrário, a fila de visitantes à porta de entrada é uma constante.

01 agosto 2016

Festarte anima Matosinhos e Leça da Palmeira


Está a decorrer até ao próximo domingo o Festarte, que já vai na 19ª edição. Este ano, o festival, que entrou nos hábitos da população do concelho e atrai muitos visitantes, traz como convidados representantes do Chile, Colômbia, Croácia, Lituânia, Togo e Turquia. Além de Portugal, claro.

Na sexta-feria, o Festarte 2016 foi formalmente inaugurado com o hastear das bandeiras e a execução dos hinos nacionais dos países participantes, cerimónia que teve lugar no Parque Engº Pinto de Oliveira, em Leça da Palmeira. No dia seguinte, o mesmo local foi palco da abertura da Feira de Artesanato, que se prolonga até ao próximo sábado (funciona entre as 15h00 e as 24h00, durante a semana).

Ontem, domingo, houve um desfile etnográfico que antecedeu o Festival Internacional de Folclore, com a presença de grupos folclóricos e etnográficos dos países convidados e de ranchos portugueses provenientes da Covilhã, Arzila (Coimbra), Guimarães e Camacha (Madeira). O Rancho Típico da Areosa (o anfitrião, que está mais uma vez de parabéns, pela excelente organização), também participou, naturalmente.

Esta semana, sucedem-se as iniciativas, desde desfiles e animações de rua, tanto em Matosinhos como em Leça, oficinas de dança, gastronomia, recitais de música, até ao festival de encerramento, no próximo domingo. A partir das 16h00, no Parque Basílio Teles, em Matosinhos, os grupos convidados dizem adeus a Portugal com uma última atuação.

O Festarte realiza-se desde 2002 e teve origem no Festival Internacional de Folclore de Leça da Palmeira, organizado a partir de 1982, também pelo Rancho Típico da Amorosa. Os grupos estrangeiros participam na feira de artesanato e no festival de gastronomia, com os seus artesãos e cozinheiros. Como diz o presidente do festival, Raul Neves, o Festarte constitui uma extraordinária oportunidade para partir “à descoberta da saudável convivência com outras culturas do mundo e mostrar, a quem nos visita, a qualidade da nossa hospitalidade”.