No meu poema, Abril rima com Democracia. E rima com
Liberdade.
Em 1974 houve Abril pela primeira vez e Portugal, que tinha
dado novos mundos ao Mundo, um país com História e com passado, passou a ter,
também, Futuro. A 25 de Abril, com o florescer dos cravos, amanheceu um País.
Hoje, passados 42 anos sobre esse primeiro Abril, é oportuno
recordar que o direito à Saúde e à Educação foram conquistados em 1974. Foi em
1974, em abril, a 25, que ganhámos o direito de expressão, de informar e de ser
informado, de eleger e de ser eleito. Foi esse dia que pôs fim a uma guerra
colonial sem nexo que deixou muitas famílias a chorar a perda de filhos,
maridos, pais. No campo do Trabalho, ganhou-se a criação do Salário Mínimo
Nacional e o direito à greve. E, enfim, não faço aqui a enumeração exaustiva de
todos os direitos conquistados – nem eu tenho espaço nem o leitor tem paciência
para isso.
No setor da Saúde, foi Abril que nos trouxe o Serviço
Nacional de Saúde, cuja criação, em 1978, se deve a António Arnaut, ministro de
um governo socialista (não há acasos…). O SNS é uma das mais importantes
conquistas da Democracia portuguesa. A sua criação assegura o acesso universal e
gratuito dos cidadãos a cuidados de saúde. Até aquela altura, a assistência
médica competia às famílias, instituições privadas e aos serviços
médico-sociais da Previdência.
Na Assembleia da República, a defesa do Serviço Nacional de
Saúde tem sido uma das minhas batalhas. Ao longo dos tempos, e com particular
destaque para os quatro anos em que durou e consulado de Passos Coelho e de
Paulo Portas, foram muitos as ameaças e atentados. O SNS resistiu e o novo
Governo revigorou-o com medidas que considero fundamentais.
Dou apenas dois exemplos: a redução das taxas moderadoras,
que o anterior Executivo tinha aumentado em mais de 100 por cento, tornando-os
numa barreira de acesso aos serviços e provocando um desvio dos utentes do SNS,
que é público, para o setor privado; outra decisão fundamental foi a de
promover o regresso de médicos aposentados, permitindo-lhes que acumulem 75 por
cento da sua anterior remuneração com a sua reforma. Esta medida permitirá
disponibilizar médicos de família a um maior número de cidadãos.
Mas as conquistas de Abril também se fizeram sentir ao nível
do Trabalho e da Segurança Social, de cuja Comissão Parlamentar também faço
parte. Já apontei a criação do Salário Mínimo Nacional como uma dessas
conquistas, tal como o direito à greve. Mas foi-se muito além disso: Portugal
dotou-se de uma legislação vanguardista e de instituições de defesa dos
trabalhadores (desde os Sindicatos à Autoridade para as Condições do Trabalho)
que impedem – ou, pelo menos, limitam – a arbitrariedade com que, antes de
1974, muitos trabalhadores eram tratados. O acesso ao subsídio de desemprego em
caso de perda do posto de trabalho é outro direito fundamental.
O 25 de Abril de 1974 revolucionou o país. Portugal é hoje
uma nação mais democrática e mais justa do que alguma vez tinha sido até então.
Por isso quero aqui agradecer às Mulheres e aos Homens que
fizeram com que o 25 de Abril fosse possível. Àqueles que, depois do dia da
Revolução do Cravos continuaram a sua luta para que os Ideais de Abril não se
perdessem; e aqueles outros que, ainda hoje, lutam, das mais variadas formas
para que se atinja a Democracia e a Liberdade plena – a todos o meu Muito
Obrigado. É convosco no pensamento que hoje grito:
Viva o 25 de Abril!
Sempre motivo para contentamento ler algo escrito por alguem do nosso concelho natal. Embora há muito lá não residente pelo facto de, por razões profissionais, ter vindo para o sul, a grande verdade é que as origens permanecem no coração. Lá, em Leça, tenho familiares, amigos, os seres mais íntimos já partidos para o outro lado da vida. É-me, como tal, mui grato ler textos publicados por alguem que ao concelho de Matosinhos - e ao país - muito vem dando e que, certamente, estará votada ainda a maiores voos. As maiores felicidades e que, na cidade de Almada, onde cresceram filhos e se desenvolvem netos, possa sempre acompanhar os seus êxitos. A normal distância que nos separa é do Tejo. Ai, na AR, há seres amigos com os quais inteiramente me identifico. Prossiga.Todo o bem e sempre, corajosamente, em frente.
ResponderEliminarParabens, pelo artigo e pelo blog
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