No dia em que se soube que as obras de construção do
portinho de Angeiras vão avançar ainda este ano, os pescadores receberam outra
boa notícia: foi publicada no Diário da República a portaria que altera as
medidas aplicáveis à gestão da pescaria do polvo, principal espécie capturada
pelas armadilhas de gaiola. O diploma reconhece as especificidades da pescaria
dirigida às navalheiras com armadilhas de gaiola, que é praticada sobretudo no
norte, e ajusta as normas legais em consonância com a informação científica
disponível. Fica assim assegurado que as armadilhas destinadas à pescaria das
navalheiras podem ser sempre utilizadas na zona costeira, dentro de um quarto de
milha, onde o recurso se distribui preferencialmente. Ao mesmo tempo, foi
prolongada a época de pesca dirigida ao camarão branco legítimo.
Os pescadores têm motivos para celebrar. Para o presidente
da Associacao Mútua dos Armadores de Pesca de Angeiras,
Joaquim Pereira, estas medidas são de extrema importância para salvaguardar a
segurança e ajudar, sobretudo no veräo, a situacäo económica dos pescadortes
desta comunidade.
Confesso que também eu fiquei extremamente contente com o
anúncio. Como a própria ministra do Mar referiu na ocasião, envolvi-me
diretamente neste processo através de uma pergunta que, na minha qualidade de
deputada, dirigi ao Governo, interpretando uma aspiração antiga dos pescadores
locais.
Em julho do ano passado, juntamente com outros camaradas do
PS Matosinhos, reuni-me com os pescadores de Angeiras, a pedido destes, para
discutir os problemas que afetavam a sua atividade e os seus rendimentos: de
entre as dificuldades, sobressaía a impossibilidade de pescarem polvo usando as
armadilhas de gaiola, durante o período de defeso. Solidária com as preocupações
dos pescadores, questionei imediatamente o Governo de então no sentido de
possibilitar uma exceção que, garantindo todas as condições de segurança, lhes
permitisse continuarem a pesca do polvo. A resposta foi evasiva, mas prometi
aos pescadores de Angeiras que não desistiria de lutar pela sua justa
reivindicação.
Pouco tempo depois, antes das eleições, voltámos à Mútua e
reitirei o meu compromisso de manter a defesa das pretenções dos pescadores.
Assim que este Governo tomou posse, continuei, quer na
Assembleia da República, quer junto da ministra do Mar e do secretário de
Estado das Pescas a bater-me para que fosse reconhecida razão aos pescadores.
Até que, finalmente, a portaria foi publicada.
O Governo do PS considera que a pesca e as atividades
ligadas ao mar constituem uma saída para a economia nacional. Na visita que fez
a Matosinhos, Ana Paula Vitorino mostrou acreditar que o futuro de Portugal
passa pela exploração de todas as áreas de atividade associadas ao mar. A
expetativa é que possam ser definidas estratégias comuns ao poder central,
autarquias e comunidade científica que permitam capitalizar aquele recurso
natural.
A ministra preconiza que se dê autonomia às entidades para
atuarem na sua área de intervenção para que seja possível obter resultados
conjuntos satisfatórios. A parceria entre APDL, Câmara de Matosinhos e o Centro
Interdisciplinar de Intervenção Marinha e Ambiental (CIIMAR), foi dada como um
exemplo a seguir, porque cada um lida com as suas competências e ninguém usurpa
as competências alheias.
Paralelamente às obras em Angeiras, vai avançar uma séria de
outras intervenções no quadro do programa de Desenvolvimento Local de Base
Comunitária. Essas intervenções serão feitas ao nível de equipamentos e
destinam-se sobretudo a melhorar as condições de trabalho dos pescadores no
mar, mas também de quem exerce atividades complementares para que se possa
trabalhar com dignidade. Resta saber se as obras no edifício da lota,
igualmente urgentes, serão incluídas neste conjunto de investimentos.
Orgulho-me de ter contribuído, como a Senhora Ministra
referiu, através do meu trabalho de deputada na Assembleia da República, para a
resolução destas questões que constituíam as principais preocupações dos
pescadores de Angeiras. É assim que entendo o meu papel: ouvir os cidadãos e
contribuir para que sejam encontradas as soluções mais adequadas para melhorar
as suas condições de vida.
Palavra dada é palavra honrada!
(Artigo publicado no Jornal de Matosinhos, de 27.mai.2016)
Sem comentários:
Enviar um comentário
Quer comentar? Faça-o! Este espaço é seu, é meu, é nosso.