É comum dizer-se, ao ponto de estar cada vez mais
generalizado e ser mesmo quase consensual, que a habilidade para comunicar não
é o ponto forte de Pedro Passos Coelho. Ele não tem culpa (e os portugueses
ainda têm menos), mas o antigo primeiro-ministro mostra uma apetência especial
para, como diz o povo, “meter a pata na poça”. Foi o que aconteceu agora quando
afirmou que o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, “parece
representar outros interesses que não são os da comunidade em geral”.
Nem o facto de Passos Coelho ser um mau comunicador retira
gravidade às suas palavras. Aliás, em matéria de Educação, o líder do PSD é
reincidente: todos ainda nos lembramos de, no exercício das suas funções de
primeiro-ministro, ter convidado os professores a irem trabalhar para o
estrangeiro. Uma boutade que,
tardia-mente, ele tentou transformar naquilo a que chamou de “mito urbano”.
Mas as declarações de Passos Coelho são graves por duas
razões: se tem provas de algum comprometimento, privado, em vez de público, do
ministro da Educação, então deveria ter a coragem de o acusar formalmente,
denunciando-o ao Ministério Público. O que se espera de um homem sério e
honesto é que procure que se faça justiça e não que tente retirar dividendos
políticos. Por outro lado, se Passos Coelho não tem provas do que insinua,
então, manda o decoro (e a seriedade intelectual) que se cale. Um político
sério não insinua coisas sobre os seus adversários. Pode combater as suas
políticas, mas de forma leal e respeitadora.
Não é preciso ser-se um grande entendedor para perceber que
só comunica bem quem for capaz de pensar bem. Se o pensamento se embaralhar, o
discurso sai atrapalhado. Talvez seja altura de alguém o dizer ao líder do PSD
antes que pensemos que, ele sim, ele é que é um mito urbano.
Boa Noite.
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