14 junho 2016

Convergir em vez de divergir


As imagens do Presidente da República e do Primeiro-Ministro, que, em Paris, comemoram o 10 de Junho, revelam que a convergência é possível quando o que está em causa são os superiores interesses do País. Nas celebrações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, não houve manifestações exuberantes de felicidade, mas entre Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa houve outra coisa, muito mais importante: houve confluência entre duas das mais importantes figuras da hierarquia do Estado.

Pela primeira vez em Democracia, o Presidente da República e o Primeiro-Ministro passaram o 10 de Junho fora do País. Mais do que isso, passaram-no juntos. Na realidade é o cumprimento de uma promessa feita por ambos. Na campanha eleitoral, tanto António Costa (nas Legislativas), como Rebelo de Sousa (nas Presidenciais) tinham assumido o compromisso de comemorar a efeméride junto das Comunidades Portuguesas.

Trata-se portanto, quer num caso quer no outro, de honrar a palavra dada, o que é, desde logo, muito significativo. Além disso, é uma forma de homenagear a diáspora – no seu conjunto e não apenas a de Paris – e de reconhecer a importância das comunidades portuguesas espalhadas pelo Mundo. Importância pelo que representam em termos de entrada de divisas que contribuem para dinamizar a economia do nosso país, mas importantes também do ponto de vista da divulgação e valorização da Cultura e da Língua portuguesas nos cinco continentes.

Naturalmente, é necessário que essa homenagem e reconhecimento tenham efeitos práticos. São precisas políticas públicas que permitam aos nossos compatriotas no estrangeiro dispor de melhores serviços consulares e ter ensino de melhor qualidade (e mais acessível). É preciso reforçar os apoios ao movimento associativo, sobretudo quando se trata de coletividades que favorecem a afirmação de uma identidade – a nossa, portuguesa – tanto nas comunidades de acolhimento como no próprio país.

É essa afirmação de identidade que sobressai da comemoração conjunta, pelo Presidente da República e pelo Primeiro-Ministro, do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.

Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa deram provas de uma enorme maturidade política com um discurso claro e extremamente assertivo: é necessário convergir, unir, até, naquilo que é essencial. Sem prejuízo de se poder divergir naquilo que não passa de secundário. Por isso, a imagem de Costa, de guarda-chuva aberto a abrigar Rebelo de Sousa, tem um significado muito mais do que simbólico e indica uma saudável relação institucional que só pode ser benéfica para Portugal.

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