As imagens do Presidente da República e do
Primeiro-Ministro, que, em Paris, comemoram o 10 de Junho, revelam que a
convergência é possível quando o que está em causa são os superiores interesses
do País. Nas celebrações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades
Portuguesas, não houve manifestações exuberantes de felicidade, mas entre
Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa houve outra coisa, muito mais
importante: houve confluência entre duas das mais importantes figuras da
hierarquia do Estado.
Pela primeira vez em Democracia, o Presidente da República e
o Primeiro-Ministro passaram o 10 de Junho fora do País. Mais do que isso,
passaram-no juntos. Na realidade é o cumprimento de uma promessa feita por
ambos. Na campanha eleitoral, tanto António Costa (nas Legislativas), como
Rebelo de Sousa (nas Presidenciais) tinham assumido o compromisso de comemorar
a efeméride junto das Comunidades Portuguesas.
Trata-se portanto, quer num caso quer no outro, de honrar a
palavra dada, o que é, desde logo, muito significativo. Além disso, é uma forma
de homenagear a diáspora – no seu conjunto e não apenas a de Paris – e de reconhecer
a importância das comunidades portuguesas espalhadas pelo Mundo. Importância
pelo que representam em termos de entrada de divisas que contribuem para
dinamizar a economia do nosso país, mas importantes também do ponto de vista da
divulgação e valorização da Cultura e da Língua portuguesas nos cinco
continentes.
Naturalmente, é necessário que essa homenagem e
reconhecimento tenham efeitos práticos. São precisas políticas públicas que
permitam aos nossos compatriotas no estrangeiro dispor de melhores serviços
consulares e ter ensino de melhor qualidade (e mais acessível). É preciso
reforçar os apoios ao movimento associativo, sobretudo quando se trata de
coletividades que favorecem a afirmação de uma identidade – a nossa, portuguesa
– tanto nas comunidades de acolhimento como no próprio país.
É essa afirmação
de identidade que sobressai da comemoração conjunta, pelo Presidente da
República e pelo Primeiro-Ministro, do Dia de Portugal, de Camões e das
Comunidades Portuguesas.
Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa deram provas de uma
enorme maturidade política com um discurso claro e extremamente assertivo: é necessário
convergir, unir, até, naquilo que é essencial. Sem prejuízo de se poder
divergir naquilo que não passa de secundário. Por isso, a imagem de Costa, de
guarda-chuva aberto a abrigar Rebelo de Sousa, tem um significado muito mais do
que simbólico e indica uma saudável relação institucional que só pode ser
benéfica para Portugal.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Quer comentar? Faça-o! Este espaço é seu, é meu, é nosso.