Na reunião de ontem da Comissão Parlamentar de Saúde tive
ocasião de questionar o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes sobre
três assuntos: sustentabilidade das farmácias, criação de um fundo de inovação
e a fusão dos serviços do centro hospitalar da Póvoa de Varzim / Vila do Conde
com Matosinhos.
Por um lado, pretendi saber se, no âmbito das negociações
que o Ministério da Saúde tem mantido com vários setores, estão previstas
medidas no sentido de podermos continuar a contar com a sustentabilidade das
farmácias. Recordo que a Associação Nacional de Farmácias veio recentemente dar
conta à Comissão Permanente de Saúde da situação difícil que o setor atravessa.
Todos reconhecemos a importância do serviço que as farmácias
prestam à população, sobretudo em zonas do interior onde há populações em
situação de isolamento e para quem, muitas vezes, a farmácia é a primeira
resposta que procuram na área da saúde. Também sabemos que na legislatura
anterior a área dos medicamentos sofreu medidas de austeridade, algumas
compreensíveis. Mas outras foram muito além do que estava no memorando da Troika
em que estavam previstos cortes de 50 milhões de euros. Afinal foram cortados 323
milhões, ou seja, seis vezes e meia mais do que o que estava contratualizado
com os parceiros. Naturalmente que isso se reflete na prestação dos cuidados e,
sobretudo, na sustentabilidade das farmácias.
Ainda na área dos medicamentos, quis também saber junto do
ministro, e questionei-o nesse sentido, como estão a decorrer as negociações
com a Apifarma, outro parceiro importante. Sabe-se que já nesta legislatura foi
concluído um acordo que permite uma poupança de 200 milhões de euros, mas uma
das reivindicações impostas tem a ver com a criação de um fundo de inovação.
Esse fundo será importante quer para a indústria farmacêutica quer para os
doentes, que precisam de continuar a ter acesso a medicamentos inovadores. Por
isso considero essencial que esse fundo possa ser criado, mesmo num quadro de
constrangimentos orçamentais.
Finalmente, questionei o ministro Adalberto Campos Fernandes
sobre a fusão dos serviços do centro hospitalar da Póvoa de Varzim / Vila do
Conde, com Matosinhos. Como se sabe, o presidente da Câmara da Póvoa de Varzim
apelou à população para que se revoltasse contra uma decisão do Governo de
encerrar o centro hospitalar de Povoa de Varzim / Vila do Conde. As notícias
que tínhamos era de que as negociações ainda estavam a decorrer e que havia
reuniões marcadas com a Administração Regional de Saúde. Lemos depois uma
comunicação dando nota que a decisão do Governo seria em sentido contrário.
Naturalmente que esta situação agita muito as populações
locais – a notícia de encerramento de serviços de saúde é sempre preocupante. Sabemos
que há intenção, ou vontade, de criar outro modelo organizacional para aquela
área, mas quis saber, junto do ministro, qual a estratégia do Governo sobre esta
matéria. A questão coloca-se pela preocupação adicional de haver um equipamento
privado que está construído numa área próxima. Convém, portanto, saber o que
vai acontecer e informar as populações sobre qual é a estratégia do Governo
para aquela zona, até porque pode estar em causa o aumento do número de utentes
servidos pela Unidade Local de Saúde de Matosinhos e o hospital Pedro Hispano.
Aproveitei a ocasião para relembrar que o pior que pode
acontecer às populações é ver estas notícias contraditórias e pedi ao ministro
para informar as populações locais e o País sobre a situação em causa.
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