Terminaram ontem, nos Açores, os trabalhos das jornadas
parlamentares do Partido Socialista, que desta vez decorreram em Ponta Delgada
e que foram precedidas de visitas de trabalho à Terceira, ao Faial, ao Pico e a
S. Miguel. Durante três dias, os deputados socialistas puderam conhecer melhor
a realidade daquelas ilhas açorianas, quer através da visita a instituições e a
infraestruturas locais, quer no contacto direto com a população. Paralelamente,
realizaram-se debates em vários painéis temáticos que permitiram um importante
exercício de reflexão sobre a atualidade do partido, do País e da Europa.
Pela minha parte, no primeiro dia integrei o grupo que
visitou a ilha Terceira. O programa, muito intenso, incluiu, entre outras
iniciativas, a visita à Escola Profissional da Praia da Vitória, ao porto da
Praia da Vitória (que está a ser alvo de grandes investimentos) e à Quinta dos
Açores, uma moderna unidade de tecnologia e design, de exploração pecuária,
venda de carne, produção e venda de leite e seus derivados. Foi também feita
uma visita à base das Lajes, onde pudemos inteirar-nos do impacto económico
provocado pela redução de efetivos norte-americanos. O Governo da República, em
concertação com o Governo Regional, estão a estudar alternativas que valorizem
a base e que poderão passar pela sua utilização por companhias aéreas de baixo
custo.
Compreende-se que o PS tenha escolhido os Açores para a
realização destas jornadas, que decorreram sob o lema “Autonomia, Fator de
Desenvolvimento”. Ontem mesmo comemoraram-se os 40 anos das primeiras eleições
destinadas a eleger a Assembleia Legislativa regional. Mas, além deste facto,
de elevado simbolismo, não podemos perder de vista que as próximas eleições
regionais decorrerão dentro de quatro meses. A realização das jornadas
parlamentares em terras açorianas é um apoio inequívoco do PS nacional aos nossos
camaradas insulares e a Vasco Cordeiro em particular de quem se espera que
possam repetir a maioria absoluta conquistada em 2012.
No entanto, a organização das jornadas excedeu a questão
eleitoral e constituiu um exercício de aproximação do PS à realidade local,
como referiu o presidente do partido, Carlos César. Realizando-se nos
Açores, é natural que a economia do mar, por exemplo, tal como o turismo e a
agricultura, fossem temas fortes nos debates e reflexões que o partido
promoveu. Em qualquer dos casos, o arquipélago desenvolveu-se com a governação
socialista, deixando para trás o estigma de ser a região mais atrasada de um
país que era, ele mesmo, o mais atrasado da Europa.
A Europa, esteve, ela própria igualmente no centro das
atenções, depois de conhecidos os resultados do referendo britânico que atiram
o país para fora da União Europeia. A decisão do Reino Unido faz soprar ventos
de incerteza relativamente ao futuro, e dá alento a que grupos extremistas,
tanto de direita como de esquerda, reclamem a realização de referendos noutros
países.
O Partido Socialista sempre foi o mais europeísta dos
partidos portugueses. E neste período de desafios, mantemo-nos fiéis aos nossos
princípios, na convicção de que a Europa saberá encontrar o seu caminho, sem
sobressaltos. Se isso acontecer, como esperamos, então teremos mais democracia,
mais igualdade e mais justiça social.
Em Portugal, o Governo socialista tem feito o seu trabalho.
António Costa, que participou nas jornadas parlamentares pela primeira vez
desde que é primeiro-ministro, trouxe boas notícias: segundo dados consolidados
pelo INE, no primeiro trimestre deste ano tivemos o melhor défice desde 2008. Melhor:
se descontarmos as medidas extraordinárias tomadas nesse ano, tivemos mesmo o
melhor primeiro trimestre desde 2002. Este resultado é conseguido através de
uma evolução das despesas que cresce abaixo daquilo que estava orçamentado,
enquanto a receita fiscal continua a subir em linha com o que estava projetado.
Simultaneamente, o clima económico continua a melhorar, o
que significa que a maioria parlamentar que suporta o Governo não criou
qualquer clima de desconfiança nos mercados. Sim, é verdade que as exportações
para Angola, Brasil ou China baixaram, fruto da crise nesses países, mas têm
crescido, de forma sustentada, para os países europeus. E, como lembrou António
Costa, o PS nunca quis que as exportações acontecessem à custa dos rendimentos
dos portugueses, porque não acreditamos num modelo de desenvolvimento em que a
competitividade se ganha pelo custo do trabalho, pelo esmagamento dos direitos
dos trabalhadores e pela destruição da dignidade das pessoas. Pelo contrário,
nós queremos ser competitivos com base na inovação, na qualificação, na
valorização e na diversificação dos mercados.
As jornadas parlamentares decorreram pois num clima de grande
confiança. A confiança que resulta de sabermos que o Governo do PS está a fazer
o que Portugal precisa, porque o PS é um partido com uma visão de futuro. Despois
de uma primeira fase em que se devolveu a dignidade às pessoas, com a reposição
de vencimentos e a criação de condições para as empresas investirem, temos
agora de desenvolver políticas que permitam resolver os bloqueios estruturais
da economia portuguesa. Aí assume relevância maior a estabilização do sistema
financeiro, incluída no Plano Nacional de Reformas.
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