Um dos maiores dramas da sociedade é o trabalho infantil. Em
Portugal, este fenómeno outrora muito enraizado, foi quase erradicado, fruto da
legislação que foi adotada e da mudança de comportamento ditada pela tomada de
consciência dos direitos das crianças. O mesmo aconteceu em muitos outros
países. Infelizmente, no entanto, os avanços conquistados não são uniformes e
fazem-se a ritmos muito diferentes dependendo da região do mundo. A própria
noção de “trabalho infantil” varia de país para país e cada um tem a sua regra.
No âmbito da Comunidade de Países de Língua Portuguesa
(CPLP), por exemplo, vive-se uma realidade diferente da portuguesa. De acordo
com dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), o Brasil, apesar de
todas as políticas implementadas nos últimos anos, ainda tem um número
muitíssimo elevado de crianças que trabalham em vez de estudar. Há apenas dois
anos, o Brasil registava ainda 2,8 milhões de crianças entre os cinco e os 17
anos que trabalhavam. Ainda assim, o número desceu para quase metade dos cerca
de cinco milhões de crianças identificadas dez anos antes. Em Cabo Verde, oito
por cento das crianças com aquela idade encontravam-se também em situação de
trabalho infantil. Em Timor-Leste foram identificadas mais de cem mil crianças
a trabalhar. Nos restantes países da CPLP não existem estatísticas fiáveis e a
OIT apela aos respetivos governos para que invistam na eliminação do trabalho
infantil
.
Mas não se pense que os países da CPLP são os únicos onde é
utilizado o trabalho infantil. Pelo contrário, a organização até declarou 2016
como “Ano da CPLP contra o Trabalho Infantil", de forma a estreitar as
relações de cooperação entre os nove Estados-membros e prosseguir os esforços
conjuntos neste combate. O objetivo é eliminar a mão-de-obra infantil até 2025.
Em 2015, segundo um relatório da Organização Internacional
do Trabalho (OIT), havia 168 milhões de crianças e adolescentes trabalhadoras
no mundo. Cerca de cem milhões trabalham na agricultura. Cinco milhões vivem em
condições comparáveis às de escravidão. Muitas são exploradas sexualmente.
A Ásia é a região do planeta com o maior número absoluto de
crianças trabalhadoras, quase 78 milhões. Por outro lado, a África subsaariana
continua a ser a região com a maior incidência de trabalho infantil em termos
percentuais da população: 21 por cento. No Médio Médio e norte de África,
existem 9,2 milhões de crianças trabalhadoras.
Ainda segundo a OIT, as crianças que abandonam os estudos
precocemente têm menos possibilidades de obter trabalhos estáveis e correm
maior risco de ficar de fora do mercado de trabalho. Daí a importância de
retirar as crianças do universo da exploração do trabalho infantil e de as
colocar na escola, para assim, facilitar a transição entre os estudos e as
oportunidades de empregos decentes. Atualmente, entre 20 e 30 por cento das
crianças dos países menos desenvolvidos abandonam a escola e entram no mercado
de trabalho antes dos 15 anos.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Quer comentar? Faça-o! Este espaço é seu, é meu, é nosso.