Esta madrugada, no Hospital Pedro Hispano, morreu uma parte
do Leixões. João Faneco, 83 anos de dedicação ao clube, perdeu o seu último
combate, o jogo mais importante da sua vida. Era uma referência para milhares
de miúdos que passaram pelos escalões de formação do Leixões a que o próprio
Faneco se entregou de alma e coração.
João Faneco foi internado há alguns dias, na sequência do
agravamento do seu estado de saúde. Depois de um AVC em outubro, passou por uma
fase de convalescença em Paredes, e tinha regressado há pouco a Matosinhos,
tendo ficado no Lar dos Pescadores, da Associação dos Pescadores Aposentados.
O clube, que deu o nome de João Faneco à sua escola de
jogadores deve-lhe muito. João Faneco era, ele próprio uma instituição. Jogador
do Leixões durante quase uma década, nos anos 50 do século passado, viu a sua
carreira interrompida por uma grave lesão que o obrigou a uma longa paragem.
Voltou depois disso, ainda jogou no Gil Vicente, no Tirsense e no Penafiel, mas
o coração era – sempre foi – leixonense. Quando deixou de jogar passou a
treinar os miúdos, na praia, até ser convidado a trabalhar com o Leixões.
“Pelas minhas mãos passaram muitos jogadores que depois
fizeram carreira como profissionais”, disse um dia. Mas o seu maior orgulho era
ter contribuído para formar Homens, porque a Escola João Faneco não tem apenas
a vertente desportiva. “Somos uma escola educativa”, dizia sem perder de vista
o terreno de jogo, onde dezenas de miúdos corriam atrás da bola.
Hoje, Matosinhos perdeu um dos seus cidadãos mais
ilustres e o Leixões perdeu um dos seus colaboradores mais devotados. É um dia
de luto.
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