Os Jogos Olímpicos Rio 2016 são inaugurados esta noite, com
uma cerimónia de abertura que se anuncia um espetáculo de som, luz e cor. Na
realidade a competição começou ontem (Portugal estreou-se no Futebol, com uma vitória sobre a Argentina), mas a cerimónia protocolar que marca o início oficial dos jogos é
só esta noite (23h30, na RTP-1,). Estarão presentes mais de 10.500 atletas, em
representação de 206 países. É o momento mais mediático do planeta, visto por
mais de mil milhões de pessoas espalhadas pelos cinco continentes.
Em termos desportivos, aquilo que eu espero é um bom
desempenho dos atletas portugueses. Ao todo são 92, dos quais 19 nascidos no
estrangeiro, que participarão em 16 modalidades. Além do Futebol, onde se
espera uma boa prestação da seleção comandada por Rui Jorge, há justificadas
expetativas quanto a medalhas no Atletismo, na Canoagem e no Judo.
Mas além do aspeto desportivo há outras questões que me
parece importante relevar. Uma tem a ver com o facto de ser esta a primeira vez
que os Jogos Olímpicos se disputam num país de língua oficial portuguesa. Esta
simples circunstância deveria encher-nos de orgulho e motivar todos para
fazermos deste acontecimento um motivo de afirmação da Língua Portuguesa que é,
afinal, uma das maiores (se não a maior) das nossas riquezas culturais.
Outra questão tem a ver com o clima social, económico e
político que se vive no Brasil. A instabilidade que reina no país não é de
agora: todos estarão ainda recordados da convulsão vivida há dois anos, aquando
da fase final do Campeonato do Mundo de Futebol. As coisas não melhoraram desde
então e a destituição da presidente Dilma Rousseff é ainda demasiado recente
para estar esquecida. O mais natural é que os grupos de cidadãos, os
sindicatos, os próprios movimentos e partidos políticos aproveitam a
mediatização criada pelos Jogos Olímpicos para promover as suas lutas e os seus
ideais.
Uma última palavra para o terrorismo. Na Antiguidade, as guerras
paravam para que as Olimpíadas se realizassem. Era imposta uma trégua que era
rigorosamente respeitada pelos beligerantes. Mesmo na era moderna, os Jogos
Olímpicos foram durante muitos anos considerados como um ato de paz ainda que
nele participassem nações beligerantes.
Mas deixou de ser assim há muito tempo. O receio de
atentados terroristas é agora omnipresente e atinge o auge quando e onde há grandes
concentrações de pessoas, como é agora o caso no Rio de Janeiro. Tenho a
certeza que as autoridades brasileiras previram todas as situações possíveis de
forma a reduzir ao máximo as possibilidades de ações terroristas. Infelizmente,
no entanto e como se tem visto, parece que os terroristas andam sempre um passo
mais à frente.
Espero e confio que, daqui por um mês, quando os Jogos
terminarem, o balanço a fazer seja puramente desportivo. E que tenhamos então
motivos para festejar a dupla satisfação de termos tido umas Olimpíadas “limpas”
e de a delegação portuguesa trazer algumas medalhas na bagagem.
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