A Orquestra de Jazz de Matosinhos completa hoje 20 anos. O
aniversário é comemorado esta noite no renovado edifício da Real Vinícola,
agora sede da banda. Para trás estão duas décadas em que a OJM se tornou num
embaixador de Matosinhos, quer em Portugal quer no estrangeiro. Vinte anos de
afirmação e de colaborações com grandes nomes do jazz internacional, a presença
em concertos em vários países e sessões no Carnagie Hall, em Nova Iorque, a
mais mítica sala de espetáculos do mundo do jazz, falam por si.
Quando, em 1997, Pedro Guedes transformou a sua Héritage Big
Band na Orquestra de Jazz de Matosinhos, já havia jazz na cidade. Mas há,
claramente, um antes e um depois da fundação da OJM. “Muita gente achava,
incluindo nós, que se calhar no ano seguinte íamos acabar. Nos primeiros anos
foi muito difícil, para manter ensaios semanais, com dificuldades em convencer
as pessoas a vir a troco de nada”, relembrou há dias Carlos Azevedo. Desde a
sua criação, foi feita a promoção, a criação, a investigação, a divulgação e a
formação na área da música jazz. Instituição sem fins lucrativos, a OJM tem
investido em projetos artísticos heterogéneos que se traduzem em espetáculos e
na edição discográfica sem prejuízo dos seus projetos formativos locais.
A OJM obteve rapidamente o reconhecimento nacional e
internacional devido sobretudo à qualidade dos seus músicos. Mas o seu serviço
educativo é igualmente muito importante. Com o objetivo de envolver os alunos e
a população, a OJM montou um projeto com duas escolas do concelho e com a
Associação dos Pescadores Aposentados de Matosinhos em que se ligou a música ao
mar e à pesca para se criar um espetáculo que se chamou “A Grande Pesca
Sonora”.
Outra iniciativas importantes foram “O jazz vai às escolas”,
com sessões, tocadas ao vivo por músicos que explicam a evolução deste estilo
musical e “O Jazz sem Barreiras”, nos estabelecimentos prisionais de Santa Cruz
do Bispo e de Custóias, tal como as visitas à ALADI e à APPACDM, entre outras
instituições. Essas atividades, iniciadas quando eu era vereadora da Juventude,
revelam o papel desempenhado pela OJM para proporcionar um igual acesso de
oportunidades, transpondo as barreiras socialmente estabelecidas e
constituindo-se como um instrumento de inclusão ajustável a todos,
independentemente das suas condições físicas, sociais e étnicas.
Em 2014, a Câmara Municipal atribuiu à OJM a medalha de
mérito dourada, fruto do, já então, valor acrescentado que a banda trouxe a
Matosinhos. Mas mais do que olhar para o passado, que honra a cidade e
prestigia a banda, importa olhar o futuro. E esse, Matosinhos e a sua Orquestra
de Jazz encaram-no com otimismo e determinados a construi-lo com ainda mais
sucesso.
A OJM vai ter o seu espaço próprio, no edifício da Real
Vinícola que a Câmara reabilitou. É um passo importante porque dota a banda de
melhores condições para desenvolver o seu trabalho. Mas Pedro Guedes e Carlos
Azevedo querem também incrementar o serviço educativo que a OJM desenvolve e
estabelecer a ligação entre a arte e a tecnologia. Para o mês de junho está
prevista a conferência “Computer Music Multidisciplinary Research”, o que
permite lembrar que Matosinhos é também um concelho com uma vertente
tecnológica cada vez mais forte.
Esta noite, na rua Menéres, mais do que celebrar o passado,
a Orquestra de Jazz de Matosinhos lança pontes para o futuro. O que eu desejo é
que este lhe sorria.
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