07 janeiro 2017

Mário Soares


O que é que ainda não foi dito sobre Mário Soares? Pelos 92 anos de uma vida cheia, vivida com um entusiasmo transbordante e uma dedicação plena à causa pública, o ex-presidente da República foi alvo de um permanente escrutínio por parte de todos: da comunicação social, dos seus adversários políticos, dos seus camaradas de armas e compagnons de route, enfim, Mário Soares não deixava ninguém indiferente – e todos sobre ele temos opinião formada e expressa.

Mário Soares é o pai da Democracia portuguesa, pela qual lutou, foi preso, deportado e exilado. Muito antes de ter sido primeiro-ministro e presidente da República, já tinha uma “folha de serviço” só ao alcance de alguém incomum. “Republicano, socialista e laico”, como se autodefiniu, envolveu-se muito novo no combate contra o Estado Novo. Com 25 anos, já formado em Direito, assumiu a defesa de muitos presos políticos e participou em diversos julgamentos. Integrou as comissões de apoio às candidaturas presidenciais de Norton de Matos, em 1949, e de Humberto Delgado, em 1958. Foi preso em doze ocasiões e deportado sem julgamento para a ilha de São Tomé, em 1968, dois anos antes de lhe ser permitido o exílio, em França. Em 1973 é um dos principais impulsionadores do encontro de Bad Münstereifel, na Alemanha, em que se deu a fundação do Partido Socialista.

Enquanto Secretário-geral do Partido Socialista, Mário Soares fica na história do partido. Não apenas por ter sido o primeiro a desempenhar a função, mas também pela influência que sempre teve como denominador comum a todos os socialistas e nossa principal referência ao longo dos tempos. Europeísta convicto, pertence a uma geração de políticos da estirpe de François Mitterrand, Olof Palme, Felipe González ou Willy Brandt, que construíram, com base nos valores do socialismo democrático, a Europa pela qual temos de continuar a lutar.


É imenso e praticamente inesgotável o legado de Mário Soares. É a figura mais marcante da sociedade portuguesa desde o último quartel do século XX, protagonista maior da Revolução de Abril, do processo de transição para a Democracia, da descolonização, da entrada de Portugal na então CEE. Dele, sublinho o inconformismo e a luta sem tréguas pela Democracia e pela justiça social que nos deve inspirar a todos. 

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