Um dia antes de, se fosse vivo, completar 72 anos, foi –
finalmente – reparada uma injusta de muitos anos e o presidente da República
condecorou Fernando Salgueiro Maia. A uma das figuras mais importantes da
Revolução dos Cravos foi atribuída a Grã-Cruz da Ordem do Infante.
Salgueiro Maia faleceu em 1992, vítima de doença oncológica.
Para a História fica como o principal operacional do 25 de Abril. Na madrugada
desse dia, dirigindo-se às tropas da Escola Prática, em Santarém, diz: “Meus
senhores, como todos sabem, há diversas modalidades de Estado. Os estados
socialistas, os estados capitalistas e o estado a que chegámos. Ora, nesta
noite solene, vamos acabar com o estado a que chegámos! De maneira que, quem
quiser vir comigo, vamos para Lisboa e acabamos com isto. Quem for voluntário,
sai e forma. Quem não quiser sair, fica aqui!”
As palavras foram, conta-se, proferidas de forma serena, mas
firme. Todos os 240 homens de que dispunha deram um passo em frente, sinal de
acompanhariam o Capitão. O 25 de Abril estava em marcha para acabar com a
ditadura mais antiga da Europa. Foram as tropas de Salgueiro Maia que ocuparam
o Terreiro do Paço e foi ele quem, horas mais tarde, comandou o cerco ao
Quartel do Carmo que terminou com a rendição de Marcelo Caetano. Sem derramamento
de sangue.
Salgueiro Maia foi membro ativo da Assembleia do MFA,
durante os governos provisórios, mas não aceitou qualquer cargo político no
pós-25 de abril. Ao longo dos anos, recusou ser membro do Conselho da Revolução,
adido militar numa embaixada à sua escolha, governador civil do Distrito de
Santarém ou pertencer à casa Militar da Presidência da República. Em vez disso,
licenciou-se em Ciências Políticas e Sociais, primeiro, e em Ciências
Antropológicas e Etnológicas.
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