A Assembleia da República tem agendado para amanhã a última
sessão legislativa com o debate sobre o Estado da Nação. Normalmente, este tipo
de sessão é sempre muito esperada e a de amanhã ainda mais pela expetativa sobre
a possibilidade de Comissão Europeia vir a impor sanções a Portugal por
incumprimento do défice. Afinal, a decisão europeia sobre esta matéria foi mais
uma vez adiada, o que não deve impedir a oposição de continuar a agitar a
bandeira da ameaça sendo incapazes de assumir as suas próprias
responsabilidades.
A recente declaração da antiga ministra das Finanças, Maria
Luís Albuquerque, de que se fosse ela (ainda) a titular do cargo, Portugal não
sofreria sanções, revela uma enorme irresponsabilidade. Do PSD, sobre a questão
do défice, já tínhamos ouvido muito e pensávamos mesmo ter ouvido tudo. Faltava
ouvir o que a antiga ministra disse, como se tivéssemos esquecido que o que
está em causa é o défice de 2015, quando o país foi governado (?) pelo Executivo
de que Maria Luísa Albuquerque fez parte. Não haja dúvidas: a haver sanções,
elas devem-se a incumprimento do défice em 2015, quando era o PSD e o CDS)
formavam governo…
Mas enfim, sabendo que a questão das finanças públicas
estará sempre presente, é preciso notar que Mário Centeno tem um balanço
positivo no primeiro semestre do ano, apesar das contas se terem complicado com
a crise que afeta as economias de alguns países (China, Brasil, Angola…) e que
tem reflexo direto nas nossas exportações. O brexit traz ainda mais instabilidade aos mercados, mas o ministro
das Finanças, tal como o primeiro-ministro, tem afastado sempre o espectro de
um plano B que, para todos os efeitos se resume, como disse António Costa,
fazer com que o A funcione.
Salvaguardando, ainda assim, qualquer eventualidade, as
Finanças mantêm as reservas de liquidez em níveis máximos, o que garante,
temporariamente, o financiamento do Estado. Entretanto está cumprida a promessa
da reposição salarial e a descida do IVA na restauração. Aquilo que falta é,
essencialmente, estabilizar o sistema bancário (com a Caixa Geral de Depósitos
à cabeça).
É verdade que é preciso acelerar a execução dos fundos
europeus, que dará mais competitividade às empresas, mas, entretanto, foi posto
no terreno um programa com 131 medidas para capitalizar as pequenas e médias
empresas mais dependentes do crédito bancário de curto prazo. Por outro lado,
no que toca aos particulares, é de salientar que se avançou com o automatismo
da tarifa social de energia, alargando o benefício a cerca
de 630 mil agregados familiares na eletricidade e 31 mil no gás natural, como
aqui dei nota ontem.
No domínio da Segurança Social, este Governo reforçou apoios
sociais, aumentou o salário mínimo nacional, criou um plano de combate à fraude
e evasão. Após vários anos de congelamento, foram atualizadas todas as pensões
de reforma até 1,5 do indexante de apoios sociais (um IAS corresponde a 419,22
euros). Este ajustamento nas pensões beneficiou cerca de 2,1 milhões de pessoas.
No campo da Saúde, podemos dizer que o livre acesso ao SNS
já está a funcionar. Foi o Governo do PS que reduziu o valor das taxas
moderadoras nos centros de saúde e a reatribuição da isenção aos dadores de
sangue. Criou o Portal do SNS, com os tempos de espera de cirurgias e
consultas, e desmaterializou as receitas médicas, que passaram a ser
eletrónicas. A Geringonça aumentou os
incentivos para a contratação de médicos de família reformados, e aumentou a
rede de cuidados continuados.
A reabertura dos tribunais que o anterior governo tinha
encerrado, facilitando o acesso da população à Justiça é outra das medidas
emblemáticas deste Governo. Na Educação, foi garantida a gratuitidade dos
manuais escolares para os alunos do primeiro ciclo e foram revistos os
contratos de associação celebrados entre o Estado e estabelecimentos de ensino
privados, com o Ministério da Educação a dar sinais claros de privilegiar,
sempre que possível, o ensino público.
É pouco? É imenso!
É imenso porque tudo isto foi conseguido em escassos sete
meses de governação, vividos num contexto de grandes dificuldades e
constrangimentos orçamentais. É imenso quando comparado com os quatro anos em
que o anterior governo se aplicou a infernizar a vida das pessoas, penalizando
a população em benefício dos parceiros internacionais.
Sejamos claros: sou de opinião que os compromissos
internacionais assumidos por Portugal devem ser cumpridos. Portugal e os
portugueses são pessoas de bem. Mas são também, e acima de tudo, pessoas.
Este Governo, honra lhe seja feita, tem governado dando
provas evidentes de que o que conta são as pessoas.
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