Portugal não sofrerá qualquer tipo de sanções, pecuniárias
ou outras, por ter falhado o limite do défice em 2015. Trata-se de uma enorme
vitória do governo de António Costa e de Mário Centeno, de Portugal e dos
portugueses. Segundo o comissário europeu para os Assuntos Económicos, Pierre
Moscovici, “uma punição não era a medida certa numa altura em que os nossos
concidadãos duvidam da Europa. Houve um consenso político para não aplicar
sanções”.
É, naturalmente, uma excelente notícia para Portugal. Ao
longo das últimas semanas, a imprensa e certos setores da direita portuguesa
vinham acenando com o espectro de eventuais sanções que, sabe-se agora, não vão
ter lugar. Pode dizer-se que a montanha pariu um rato.
Não será de mais lembrar que a possibilidade de sanções
devia-se ao facto de o governo PSD/CDS ter ultrapassado o limite do défice.
Aquilo que estava em causa eram as contas do ano passado, quando Pedro Passos
Coelho era primeiro-ministro. Os dois partidos de direita parece terem
esquecido isso e nem sequer foram capazes de se juntar aos restantes partidos
com assento na Assembleia da República para assinar um documento conjunto e
consensual em que se explicavam a Bruxelas as razões pelas quais não deveriam
ser aplicadas sanções.
Sublinho o sentido patriótico e de estado evidenciado por
António Costa, que se bateu contra a aplicação de sanções, mesmo se elas
correspondiam a contas do governo anterior. O primeiro-ministro sempre defendeu
que “não há qualquer justificação, nem base legal”, sendo “contraproducente a
aplicação de sanções por um resultado não alcançado em 2015, quando estamos num
ano em que felizmente a própria Comissão Europeia reconhece que iremos conseguir
cumprir este objetivo”.
A credibilidade da gestão orçamental do governo atual foi
uma grande ajuda na batalha protagonizada pelo Governo de Portugal. No primeiro
semestre do ano, o défice diminuiu 971 milhões de euros, uma execução
orçamental que surpreendeu Bruxelas pela positiva. O anúncio de que Portugal não
sofreria sanções teve um impacto imediato com os juros das Obrigações do
Tesouro português a dez anos a caíram para menos de três por cento.
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