O mês de julho, que agora termina, trouxe a Portugal um
conjunto de resultados desportivos verdadeiramente extraordinário. A seleção
nacional de Futebol ganhou, em França e contra a equipa da casa, o Campeonato
da Europa, conquista inédita e que o nosso país há muito procurava – o melhor
que tinha conseguido era chegar à final, perdida contra a Grécia, em Lisboa, no
“nosso Europeu”.
O Futebol é um desporto de multidões, o mais universal de
todos os deportos. Basta recordar que o organismo que rege a modalidade em
termos mundiais, a FIFA, tem mais países associados (são 210) do que a própria
Organização das Nações Unidas, que conta apenas 193 estados-membros…
Compreende-se a euforia com a vitória no Campeonato da
Europa. O Futebol não é tudo na vida. Nem é sequer o mais importante. Mas são
incalculáveis para Portugal as consequências deste título, o mais importante da
história do desporto português. É verdade que já fomos campeões mundiais, em
várias modalidades, tivemos campeões olímpicos, mas nenhum feito, antes deste,
terá tido mais impacto social, político e económico do que sermos campeões da
Europa de Futebol.
A curto, médio ou longo prazo não faltará quem apresente
dados estatísticos sobre os efeitos que ser campeão da Europa teve para
Portugal. Para já, todavia, o que me interessa salientar é o impacto desta
vitória para a autoestima dos portugueses. Ao longo dos tempos, e sobretudo no
decurso dos últimos quatro anos, foi pedido aos portugueses que fizessem
sacrifícios enormes para reparar os pecados de que eramos acusados e que se
resumiam a viver acima das nossas possibilidades. As acusações e os sacrifícios
que nos fora exigidos, levaram-nos a duvidar das nossas capacidades e a baixar
o nível do nosso amor-próprio. Além de tudo o mais, importante e quantificável,
o campeonato da Europa de Futebol teve esse forte impacto na nossa sociedade: o
de elevar os índices de confiança do nosso povo.
Mesmo se o Futebol foi determinante para esse aumento do
nosso orgulho patriótico, há outros motivos de satisfação. No mesmo dia em que
Portugal se sagrou Campeão Europeu do pontapé na bola, Rui Costa foi segundo na
etapa da Volta a França em bicicleta. O ciclista da Póvoa de Varzim não
conseguiu este ano vencer qualquer etapa do Tour, mas foi dos grandes
animadores do pelotão, tentando várias fugas e elevando sempre o nome de
Portugal.
No Atletismo, os Campeonatos Europeus disputados em
Amesterdão, deram seis medalhas a Portugal (três de ouro, uma de prata e duas
de bronze). O total valeu ao nosso país o sétimo lugar no “medalheiro” à frente
de potências desportivas como França ou Itália. Sara Moreira (na Maratona) e
Patrícia Mamona (no Triplo Salto) lideraram a representação portuguesa que teve
em Tsanko Arnaudov, Jéssica Augusto e Dulce Félix fiéis seguidores.
Alguns dias depois do clímax vivido com a vitória no Futebol
e as medalhas no Atletismo, começou, em Oliveira de Azeméis, o Campeonato
Europeu de Hóquei em Patins, título que fugia no nosso país desde 1998. Pois
bem: na final, frente a uma Itália que era a campeã em título, Portugal começou
a perder mas deu a volta ao resultado na segunda parte e marcou seis golos que
deram a vitória à seleção.
No Desporto Adaptado, a “nossa” Elsa Taborda, da APPACM
Matosinhos, contribuiu com três medalhas (duas de prata e uma de bronze) para o
total das 22 conquistadas por Portugal, só no Atletismo, na primeira edição do
Trisome Games, disputados em Florença, na Itália. A atleta matosinhense deu uma
ajuda preciosa para que o nosso país se sagrasse vice-campeão do Mundo de
Atletismo Síndrome de Down, atrás da África do Sul.
E, desculpem a imodéstia, faz bem ao ego saber que
Portugal está a dar cartas em muitos setores de atividade.
(Artigo publicado no jornal "O Matosinhense", 28.jul.2016)
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