26 julho 2016

Memória do acidente de Custóias


Passam hoje 52 anos sobre um dos dias mais trágicos para Matosinhos e para Custóias. Foi a 26 de julho de 1964. No lugar das Carvalhas, em Custóias, um comboio em proveniência da Póvoa de Varzim, descarrilou e incendiou-se. Morreu um número indeterminado de pessoas naquele que foi, até então, o pior acidente ferroviário em Portugal.

O comboio partira da Póvoa de Varzim, com destino ao Porto. Vinha apinhado: a lotação era de cem pessoas, mas eram mais de trezentos os passageiros que regressavam a casa depois de um fim-de-semana passado na praia. À passagem pelo lugar das Carvalhas, em Custóias, a cerca de nove quilómetros da estação terminal, o reboque soltou-se da automotora, descarrilou e embateu com violência no paredão de uma ponte, incendiando-se de seguida.

Naquele verão de 1964 não foi possível determinar o número exato de vítimas. Oficialmente morreram 90 pessoas, mas vários relatos apontam para “mais de cem”. Talvez a diferença tenha a ver com feridos que morreram posteriormente em consequência do acidente. Apurou-se, sim, que o reboque circulava com excesso de peso devido à sobrelotação. Isso, aliado a um possível excesso de velocidade, provocou a quebra dos engates entre o reboque e a automotora, e o consequente descarrilamento do reboque. No local da tragédia foi descerrada uma lápide:

“Vós que aqui passais,
Lembrai-vos dos Cem que aqui pereceram
E cujas almas estarão penando”.

Apesar de não ser nascida na altura, ouvi muitas vezes os meus pais e avós referirem-se a esse 26 de julho de 1964 como uma das datas mais trágicas para Matosinhos, só comparável ao naufrágio de 1947. Mais de meio século passado sobre o terrível acidente (só o de Alcafache, Viseu, em 1986, foi pior, com os seus cerca de 150 mortos), importa recordar a memória das vítimas e saudar os sobreviventes – que ainda os há e, alguns deles, felizmente, de boa saúde.


(Agradeço a José Videira, do Blogue “O Senhorense”, cuja informação me permitiu redigir esta nota).

2 comentários:

  1. Respostas
    1. Muito obrigado, Francisco Seixas, pelo seu comentário.

      Como escrevi no texto, eu não era ainda nascida quando o acidente se deu e recorri a várias fontes de informação para redigir o "post". Nem todas referem o incêndio na sequência do acidente, mas algumas fazem-no - a Wikipedia, por exemplo, sabendo-se que esta é uma ferramenta falível... Do que não há dúvida é que houve mesmo descarrilamento, havendo disso provas documentais em fotografia e vídeo.

      De qualquer forma, o que me parece importante, passados 52 anos, é recordar um dos dias mais negros da história de Matosinhos e de Custóias, homenagear as vítimas e saudar os que, felizmente, sobreviveram à tragédia.

      Continue a ler-me e intervenha sempre que julgar oportuno.

      Obrigado!

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