Passam hoje 52 anos sobre um dos dias mais trágicos para
Matosinhos e para Custóias. Foi a 26 de julho de 1964. No lugar das Carvalhas,
em Custóias, um comboio em proveniência da Póvoa de Varzim, descarrilou e
incendiou-se. Morreu um número indeterminado de pessoas naquele que foi, até
então, o pior acidente ferroviário em Portugal.
O comboio partira da Póvoa de Varzim, com destino ao Porto.
Vinha apinhado: a lotação era de cem pessoas, mas eram mais de trezentos os
passageiros que regressavam a casa depois de um fim-de-semana passado na praia.
À passagem pelo lugar das Carvalhas, em Custóias, a cerca de nove quilómetros
da estação terminal, o reboque soltou-se da automotora, descarrilou e embateu
com violência no paredão de uma ponte, incendiando-se de seguida.
Naquele verão de 1964 não foi possível determinar o número
exato de vítimas. Oficialmente morreram 90 pessoas, mas vários relatos apontam
para “mais de cem”. Talvez a diferença tenha a ver com feridos que morreram posteriormente
em consequência do acidente. Apurou-se, sim, que o reboque circulava com
excesso de peso devido à sobrelotação. Isso, aliado a um possível excesso de
velocidade, provocou a quebra dos engates entre o reboque e a automotora, e o
consequente descarrilamento do reboque. No local da tragédia foi descerrada uma
lápide:
“Vós que aqui passais,
Lembrai-vos dos Cem que aqui pereceram
E cujas almas estarão penando”.
Apesar de não ser nascida na altura, ouvi muitas vezes os
meus pais e avós referirem-se a esse 26 de julho de 1964 como uma das datas mais
trágicas para Matosinhos, só comparável ao naufrágio de 1947. Mais de meio
século passado sobre o terrível acidente (só o de Alcafache, Viseu, em 1986,
foi pior, com os seus cerca de 150 mortos), importa recordar a memória das
vítimas e saudar os sobreviventes – que ainda os há e, alguns deles,
felizmente, de boa saúde.
(Agradeço a José Videira, do Blogue “O Senhorense”, cuja
informação me permitiu redigir esta nota).
Não houve incêndio nem descarrilar.
ResponderEliminarMuito obrigado, Francisco Seixas, pelo seu comentário.
EliminarComo escrevi no texto, eu não era ainda nascida quando o acidente se deu e recorri a várias fontes de informação para redigir o "post". Nem todas referem o incêndio na sequência do acidente, mas algumas fazem-no - a Wikipedia, por exemplo, sabendo-se que esta é uma ferramenta falível... Do que não há dúvida é que houve mesmo descarrilamento, havendo disso provas documentais em fotografia e vídeo.
De qualquer forma, o que me parece importante, passados 52 anos, é recordar um dos dias mais negros da história de Matosinhos e de Custóias, homenagear as vítimas e saudar os que, felizmente, sobreviveram à tragédia.
Continue a ler-me e intervenha sempre que julgar oportuno.
Obrigado!