A partir da primavera do próximo ano, quando for inaugurada
a Casa da Arquitetura, Matosinhos ganha muito mais do que uma valência para
promover a Arquitetura – ganha também um importante motivo de atração turística
que complementa a oferta já existente. A Casa, que assumirá igualmente o nome
de Centro Português de Arquitetura, vai funcionar no edifício da antiga Real
Vinícola, na avenida Menéres. Trata-se de um prédio construído entre o final do
século XIX e o início do século XX, que foi a primeira unidade industrial de
Matosinhos-Sul. O edifício resistiu à progressiva transformação industrial e à
ocupação habitacional daquela zona da cidade, tendo sido preservado devido ao
seu elevado valor patrimonial e cultural.
Adquirido pela Autarquia, no ano de 2000, por cinco milhões
de euros, o edifício da Real Vinícola foi classificado como monumento de
interesse público. Além da Casa da Arquitetura, servirá também de sede à
Orquestra de Jazz de Matosinhos. O projeto, da autoria do arquitecto municipal Guilherme
Machado Vaz, inclui ainda um conjunto de espaços comerciais. O investimento
total ronda os oito milhões de euros e permitirá adequar o edifício à sua nova
função – ser o primeiro espaço expositivo português totalmente dedicado à
divulgação e valorização da arquitetura.
Essa missão é corporizada através da criação de um arquivo
nacional composto por uma coleção própria que inclui desenhos, estudos,
projetos, maquetas, livros e obras de Arquitetura. A primeira fase abrange duas
centenas de obras iconográficas da cultura arquitetónica portuguesa do último
quartel do século XX.
A apresentação internacional da Casa da Arquitetura, que
decorreu no passado fim-de-semana, ficou marcada por conferências e debates em
que participaram, entre outros, Álvaro Siza Vieira e Eduardo Souto de Moura e
por um concerto da Orquestra Jazz de Matosinhos.
No sábado de manhã, na reunião do conselho de fundadores, em
que tive o gosto de participar, foi por todos expresso a importância deste
espaço que guardará a memória da arquitetura portuguesa, combinando a parte de
arquivo com a expositiva.
O diretor executivo da Casa da Arquitetura, Nuno Sampaio, reuniu
com os presidentes das escolas de arquitetura para divulgar o projeto e estudar
futuras formas de colaboração, nomeadamente ao nível da rede de arquivos
nacionais, visitas e exposições.
Por seu lado, o vereador da Cultura, Fernando Rocha, orientou
uma visita guiada, aberta à população, durante a qual explicou a história do
edifício, as suas transformações ao longo do tempo e as novas valências.
Da parte de Nuno Sampaio, ficou a promessa de que o tempo
que se segue será de diálogo com os parceiros e com a sociedade civil, até à
inauguração. O presidente da Ordem dos Arquitetos, José Santa-Rita, defendeu
que “a arquitetura é um bem que pertence a todos e faz parte da expressão
cultural de um povo. Este é um presente para a cidade de Matosinhos, mas também
para todo o país”.
Foi uma data muito especial para Matosinhos, que cumpre mais
uma etapa do seu processo de reabilitação urbana, desta vez com uma obra
emblemática com um impacto direto muito positivo ao nível cultural. Este
projeto vai fazer de Matosinhos a capital nacional da Arquitetura. Além disso,
permite redirecionar a política da Câmara Municipal e da própria Turismo do
Porto e Norte de Portugal com vista à atração de visitantes de um nicho
diferente do habitual. A partir de agora, abre-se uma nova avenida para atrair
um público distinto daquele que procura o nosso concelho pela beleza das suas
praias e pela qualidade da sua gastronomia.
(Artigo publicado no jornal O Matosinhense, 07.jul.2016)
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