Fico sempre emocionada quando ouço notícias de que um barco
de pesca naufragou. Esta tarde voltou a acontecer, quando soube do acidente que
envolveu um barco espanhol e os seus doze tripulantes, entre os quais havia
portugueses. Não fujo à regra de pensar que entre as vítimas pode estar alguém
conhecida – com o número de pessoas de Matosinhos que está ligada à pesca e ao
mar, a probabilidade é sempre elevada…
Desta vez, felizmente, não há vítimas mortais a lamentar.
Portugueses (das Caxinas, ao que parece) e restante tripulação foram resgatados
a tempo. Mas este naufrágio – mais um – reforça em mim a convicção de que é
necessário continuar a trabalhar para melhorar as condições de trabalho dos
pescadores, sobretudo as que têm a ver especificamente com a segurança.
O Governo de Portugal tem feito um trabalho extraordinário
ao nível das pescas e de toda a atividade marítima. Negociaram-se quotas de
pesca mais favoráveis, está a ser feito um grande investimento na recolha e
tratamento de informação de caráter científico e na formação.
E quanto à segurança? No final do ano passado, a ministra do
Mar, Ana Paulo Vitorino, inaugurou a Estação Leça/Leixões do Sistema ‘Costa
Segura’, projeto promovido pela Autoridade Marítima Nacional. Trata-se de um contributo
muito importante para a segurança porque faz o seguimento da navegação numa
área restrita e acompanha navios que poderão estar em dificuldade (com avarias
ou arribadas forçadas). Este equipamento tem uma importância vital também nas
ações de busca e salvamento.
Chega? Não – tudo o que se fizer é pouco para garantir a
segurança de quem faz do mar o seu ganha-pão. E por isso insisto em que é
preciso dar seguimento a um trabalho que melhore as condições de trabalho dos
pescadores. Essa deve ser uma preocupação do Governo central, dos armadores,
das associações de pescadores e, claro, também das autarquias que têm
comunidades piscatórias como é o caso de Matosinhos.
A minha emoção não é comparável – não poderá ser nunca – à
que sentirão as pessoas que têm familiares a trabalhar no mar quando ouvem
notícias como a de hoje. Mas, em qualquer circunstância, a minha solidariedade
é total.
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