02 dezembro 2016

Lembrar o naufrágio de 1947


A data jamais será esquecida, mesmo por quem, como eu, não era ainda nascida naquele ano de 1947. O dia 2 de dezembro é umas das páginas mais negras da história de Matosinhos: há 69 anos, o maior naufrágio de que há memória em Portugal roubou a vida a 152 pescadores. A quase totalidade das tripulações das traineiras “D. Manuel”, “Rosa Faustino”, “Maria Miguel” e “S. Salvador” não pôde ser resgatada com vida. Ficaram 71 viúvas, cem órfãos e uma terra inteira a chorar as vítimas.

Na praia de Matosinhos, a escultura "Tragédia do Mar", da autoria de José João Brito (que reproduz uma tela do mestre Augusto Gomes) perpetua a data e homenageia as vítimas e as famílias. Foi feliz o autor, que conseguiu esculpir na face de cinco figuras de órfãos e viúvas o horror de assistir, em terra e sem nada puderem fazer, ao drama que se passava no mar.

Passaram quase sete décadas e a memória continua viva, mesmo por parte de quem não assistiu àqueles tristes acontecimentos de 1947. Desde então, muito se fez para melhorar a segurança de quem faz da pesca o seu ganha-pão. Ainda assim, todos os anos há naufrágios a registar e muito há ainda a fazer.

Há dias, a ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, inaugurou a Estação Leça/Leixões do Sistema ‘Costa Segura’, projeto promovido pela Autoridade Marítima Nacional. É um contributo importante para a segurança da navegação porque faz o seguimento da navegação numa área restrita e acompanha navios que poderão estar em dificuldade (com avarias ou arribadas forçadas). O novo equipamento tem uma importância vital também nas ações de busca e salvamento.

O investimento justifica-se de uma forma simples: não é admissível que haja tantas vítimas entre aqueles que vão ao mar para ganhar a vida.

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