A data jamais será esquecida, mesmo por quem, como eu, não
era ainda nascida naquele ano de 1947. O dia 2 de dezembro é umas das páginas
mais negras da história de Matosinhos: há 69 anos, o maior naufrágio de que há
memória em Portugal roubou a vida a 152 pescadores. A quase totalidade das
tripulações das traineiras “D. Manuel”, “Rosa Faustino”, “Maria Miguel” e “S.
Salvador” não pôde ser resgatada com vida. Ficaram 71 viúvas, cem órfãos e uma
terra inteira a chorar as vítimas.
Na praia de Matosinhos, a escultura "Tragédia do
Mar", da autoria de José João Brito (que reproduz uma tela do mestre
Augusto Gomes) perpetua a data e homenageia as vítimas e as famílias. Foi feliz
o autor, que conseguiu esculpir na face de cinco figuras de órfãos e viúvas o
horror de assistir, em terra e sem nada puderem fazer, ao drama que se passava
no mar.
Passaram quase sete décadas e a memória continua viva, mesmo
por parte de quem não assistiu àqueles tristes acontecimentos de 1947. Desde
então, muito se fez para melhorar a segurança de quem faz da pesca o seu
ganha-pão. Ainda assim, todos os anos há naufrágios a registar e muito há ainda
a fazer.
Há dias, a ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, inaugurou a
Estação Leça/Leixões do Sistema ‘Costa Segura’, projeto promovido pela Autoridade
Marítima Nacional. É um contributo importante para a segurança da navegação
porque faz o seguimento da navegação numa área restrita e acompanha navios que
poderão estar em dificuldade (com avarias ou arribadas forçadas). O novo
equipamento tem uma importância vital também nas ações de busca e salvamento.
O investimento justifica-se de uma forma simples: não é
admissível que haja tantas vítimas entre aqueles que vão ao mar para ganhar a
vida.
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