António Guterres, que durante dez anos foi o alto comissário
das Nações Unidas para os refugiados vai fazer o juramento sobre a Carta das
Nações Unidas antes de anuncir as linhas mestras com que pretende reger o
mandato de cinco anos para que foi eleito. Prevê-se que o novo secretário-geral
aponte respostas e avance soluções para várias das crises globais que o planeta
enfrenta.
Oficialmente, o mandato começa apenas a 1 de janeiro, mas Guterres já
teve reuniões com os líderes dos cinco membros permanentes do Conselho de
Segurança (China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia).
O que espera António Guterres é um trabalho colossal. A
implantação por todos os países do Mundo dos dezassete Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável não é, longe disso, um dado adquirido. Quando
sabemos que “acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares”
e “acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e
promover a agricultura sustentável”, são os dois primeiros desses objetivos damo-nos
facilmente conta do enorme desafio que Guterres terá pela frente.
Acresce que o contexto sociopolítico não é o mais favorável,
com o surgimento de uma onda crescente de populismo e de nacionalismo sem
precedentes nas últimas décadas. O comprometimento de todas as nações do mundo,
que é necessário em questões como a defesa do meio ambiente, por exemplo
através da aplicação do Acordo de Paris, é hoje posto em causa pelo presidente
eleito dos Estados Unidos.
Entretanto, o drama dos migrantes parece não ter fim à
vista. São milhões de pessoas (muitas mulheres e muitas crianças, que continuam
a ser as mais carenciadas) que procuram a sobrevivência e para as quais o Mundo
(já não é apenas uma causa europeia…) encontre respostas.
Não, não será fácil o trabalho de António Guterres. Resta-me
a certeza de que é ele a pessoa mais competente, séria e empenhada na procura
de soluções para estes problemas. E só isso já é motivo de orgulho e de
satisfação.
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