14 outubro 2016

Quadros de Miró ficam na Casa de Serralves


Após uma longa polémica sobre o destino a dar aos quadros de Joan Miró, foi finalmente encontrada uma solução: as obras ficam na Casa de Serralves, no Porto, o que reforça a posição da Invicta como polo cultural. A cidade, e toda a região, ganham assim um novo motor de crescimento que ajuda a consolidar o lugar, atribuído pelo site de viagens TripAdvisor, de um dos melhores destinos emergentes do mundo (e o melhor da Europa). Para já, as obras podem ser vistas no âmbito da exposição "Joan Miró: Materialidade e Metamorfose", inaugurada há dias numa cerimónia que contou com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o Primeiro-ministro, António Costa, e o presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy. O projeto foi elaborado por Álvaro Siza Vieira.

É um final feliz para uma história que esteve para correr mal. Recordo que os quadros, que pertenceram ao falido BPN e que reverteram a favor do Estado aquando da nacionalização do banco, estiverem prestes a ser vendidos. O anterior governo permitiu mesmo que fossem enviados para Londres, onde a sociedade Christie’s chegou a ter um leilão marcado. Foi uma queixa apresentada à Procuradoria-Geral da República por um grupo de deputados do Partido Socialista, reclamando ilegalidades na saída das obras, que obrigou ao cancelamento do leilão. O Tribunal Administrativo de Lisboa considerou que tinha havido ilicitudes na ida das 85 obras de arte para Londres e a Chrsitie’s desinteressou-se do negócio.

Este caso ilustra bem a forma diferente como o governo de Passos Coelho e o de António Costa olham para a Cultura e para o País. Enquanto Passos Coelho permitia a saída e a alienação dos quadros com toda a facilidade, quase de mão beijada, António Costa e o seu governo empenharam-se em que esse património continuasse em Portugal. Se para o primeiro era imperativo vender, para António Costa o que é imperativo é não delapidar o erário público e manter em Portugal uma coleção que abrange sete décadas de trabalhos do pintor.

A história acaba bem porque foram salvaguardadas duas premissas que considero fundamentais: os quadros ficam em Portugal, por um lado, e, por outro, ficam acessíveis a quem os queira admirar. Foram estas, aliás, as preocupações desde sempre expressas pelo atual Governo que impediu que o património fosse alienado ao desbarato a interesses estrangeiros. A Cultura não se vende. Promove-se e, com ela, enriquece-se a população.

(Artigo publicado no Jornal "O Matosinhense", 06.out.2016)

Sem comentários:

Enviar um comentário

Quer comentar? Faça-o! Este espaço é seu, é meu, é nosso.