Em Lisboa, as comemorações oficiais voltaram à Praça do
Município, onde há 106 anos José Relvas fez a proclamação da República. Este
ano, foi um presidente incomparavelmente menos crispado e mais próximo das
pessoas quem presidiu às cerimónias. Marcelo Rebelo de Sousa fez o elogio do
regime republicano, alicerce da democracia, e manifestou confiança de que
Portugal continuará a vencer os desafios que ainda tem pela frente. No seu
discurso, o Presidente da República apelou à classe política para um esforço continuado
no estender de pontes com a população. E pediu a quem exerce o poder para dar
exemplo de " humildade, de proximidade, de frugalidade, de independência,
de serviço pelos outros, de todos os outros, mas com natural atenção aos mais
pobres, carenciados, excluídos".
Revejo-me por inteiro nas palavras do Presidente da
República, e estou à vontade para o dizer até pelas diferenças políticas que
nos separam. Mas sejamos justos: Marcelo Rebelo de Sousa tem exercido um
mandato muito próximo das pessoas, criando empatia com uma franja importante da
população. Aliás, uma decisão do Presidente que quero aqui saudar é a
condecoração que atribuiu a algumas personalidades da vida pública portuguesa,
entre as quais Manuel Alegre (agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique),
a quem também deixo aqui um abraço fraterno de amizade e de felicitações.
No Dia da Implantação da República (que eu passei justamente
a praticar a política de proximidade preconizada por Rebelo de Sousa,
participando numa assembleia de militantes socialistas em S. Mamede de Infesta,
minha terra natal) a notícia do dia foi contudo a grande vitória de António
Guterres, mais uma, na sua caminhada para Secretário-Geral das Nações Unidas.
Depois de alguma polémica, motivada pela entrada a destempo
de uma candidata que poderia vir a alterar as regras do jogo, António Guterres
recolheu, ainda assim, a unanimidade dos membros do Conselho de Segurança que
vão propor o seu nome como futuro Secretário-Geral da organização. Resta agora
um pequeno pró-forma, uma mera formalidade: na próxima semana a Assembleia
Geral deverá aprovar a resolução, mandatando Guterres por cinco anos. O
ex-primeiro-ministro português entrará em funções no dia 1 de janeiro,
substituindo Ban Ki-Moon.
A eleição de António Guterres para Secretário-geral da
Organização das Nações Unidas é uma enorme vitória pessoal e da diplomacia
portuguesa. É a primeira vez que o cargo será desempenhado por um português, que
conta com um currículo notável e é unanimemente elogiado pela sua dimensão
humanista.
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