Um mês. Na realidade, menos do que isso: a 8 de novembro os
norte-americanos vão às urnas para eleger o (ou a…) sucessor(a) de Barack
Obama. Dez anos depois de terem, pela primeira vez, escolhido um presidente
negro, pode voltar a fazer-se História, agora com a eleição de uma mulher. A
senadora Hillary Clinton é vista como favorita. Ainda ontem, voltou a ganhar o
debate televisivo a Donald Trump, que perde apoios de cada vez que opina sobre
qualquer assunto e que está longe ser recolher consensos, mesmo no seio do
Partido Republicano. Mas os Estados Unidos são um país onde até o impossível por
vezes acontece e as eleições não estão ganhas para a candidata democrata.
Donald Trump representa o que a América do Norte tem de
pior. Reformulo: Donald Trump representa o que o Mundo tem de pior. A
excentricidade será o seu menor defeito. O milionário faz da arrogância, do racismo,
do machismo, do nacionalismo mais bacoco a sua imagem de marca. Alguns grupos
sociais e comunidades étnicas são claramente hostilizadas: hispânicos e negros
estão permanentemente no radar do candidato que, entre outros devaneios, propõe
construir um muro na fronteira com o México para evitar a imigração ilegal.
A maneira como Trump se refere às mulheres num vídeo que foi
publicado este fim-de-semana é repugnante. Ele, que nas suas próprias palavras
“é uma estrela”, pode fazer o que lhe apetece. E, ele não o diz mas conclusão é
óbvia, as mulheres só têm de se submeter aos seus caprichos.
Donald Trump é mau demais para ser verdade e, no entanto,
não está de todo afastada a hipótese de se tornar presidente do país mais
poderoso do Mundo. A sua eleição, embora improvável, constituiria uma machadada
de enormes proporções nos esforços que têm sido feitos para construir uma
sociedade mais justa, mais igualitária, mais inclusiva e mais tolerante.
Continuarei a seguir com muita atenção a campanha
norte-americana até às eleições de 8 de novembro. Espero que, nesse dia,
tenhamos motivos para celebrar uma vitória de Hillary Clinton sobre Trump e
possamos virar a página sobre uma ameaça que pende sobre todos nós.
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