03 outubro 2016

Pedro e o lobo


Com a chegada do fim-de-semana talvez haja quem não tenha dado por isso, mas estamos em outubro. O Diabo, que Pedro Passos Coelho apocalipticamente anunciou para setembro, não apareceu. Está atrasado. Mas… será que vem? Passos garante que sim, mas depois de tanto falhar, quem lhe dá ainda crédito?

A situação repete-se desde há quase um ano. A 4 de outubro de 2015, o povo português decidiu em eleições constituir uma nova maioria parlamentar que afastasse um governo bafiento que durante quatro anos fez o País recuar no tempo. Passos Coelho recusou acreditar que os eleitores indicavam que havia uma alternativa ao seu próprio governo. Primeiro era a “geringonça” que não ia durar mais do que escassas semanas; depois era António Costa que não conseguiria aprovar o Orçamento de Estado; depois era o Orçamento de Estado que seria chumbado por Bruxelas; depois era o desemprego que iria aumentar; depois eram os encargos fiscais que iriam subir; depois vinham aí as sanções por défice excessivo, depois…

O despeito fez do líder de Passos um profeta de desgraças. Anunciou tantas que já não se percebe se apenas as vaticina – e falha no agoiro – ou, sobretudo, se as deseja. No seu próprio partido, a contestação é crescente. É cada vez mais evidente que a estratégia escolhida pelo líder está destinada ao fracasso. O problema de Pedro Passos Coelho é que, apesar de todas as suas palavras, a vida das pessoas está melhor.

Vários setores da direita portuguesa veem na discussão do próximo Orçamento de Estado uma nova oportunidade para a maioria parlamentar se desfazer. Pela minha parte, estou cada vez mais convencida de que, com o contributo de todos os partidos à esquerda do PSD e, talvez, quem sabe?, até com o contributo, do partido à sua direita, o Orçamento vai dar continuidade à política traçada por este governo. Uma política segundo a qual, o que conta são as pessoas. Com ou sem a participação do PSD e de Passos Coelho, o Governo de António Costa saberá encontrar o tão necessário equilíbrio entre rigor orçamental e mais justiça social.

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