Na reunião de ontem da Comissão Parlamentar da Saúde tive
oportunidade de fazer a defesa do Serviço Nacional de Saúde e de questionar o
ministro da tutela, Adalberto Campos Fernandes, sobre assuntos que são de
primordial importância.
Na minha intervenção, recordei que assinalámos recentemente
mais um aniversário do SNS e muito justamente homenagear o seu fundador,
António Arnaut. O Serviço Nacional de Saúde é sem dúvida uma das grandes
conquistas da democracia portuguesa, assim unanimemente considerado, e muito
nos honra quando, como aconteceu esta semana, diversas entidades internacionais
nos avaliam nos patamares mais elevados, mesmo quando comparados mundialmente.
Este é um serviço que se pauta por ser universal, tendencialmente
gratuito e de qualidade e que não distingue os utentes pela sua condição social
ou económica. Por isso são importantes as medidas anunciadas por Adalberto
Campos Fernandes a quem saudei, assim como ao Governo, por ter dedicado um Conselho
de Ministros exclusivamente dedicado ao tema da saúde.
Desta vez, o aniversário foi comemorado com tranquilidade,
mas poderia ter sido assinalado de outra forma, porque aquilo a que assistimos
nos últimos quatro anos foi a uma fragilização do Serviço Nacional de Saúde tal
como ele tinha sido constituído. Ao que assistimos nos últimos quatro anos foi
a um fortalecimento dos serviços privados de saúde. E isso aconteceu nas mais
variadas áreas.
Desde logo, o Serviço Nacional de Saúde desvalorizou o seu principal
capital que são os profissionais. Este ministro encontrou profissionais
desmotivados, falta de médicos de família, equipas desfragmentadas e é
essencial retomar a motivação dos profissionais. Há áreas em que existe um
grande défice de recursos e uma das profissões que mais nos tem dado nota disso
são os enfermeiros. Perguntei a Adalberto Campos Fernandes em que ponto se
encontra o concurso para enfermeiros e se será possível ainda este ano
contratar mais profissionais.
Por outro lado, ao nível dos equipamentos, sabemos que alguns
equipamentos de ponta que são utilizados no SNS necessitam naturalmente das
regulares manutenções. E aquilo que nós sabemos também, de reuniões com as
diversas unidades hospitalares, é que muitos deles se encontram no limite da
sua utilização o que implicará um aumento da despesa uma vez que não é possível
continuar, sem mais investimento, a garantir um elevado nível de qualidade. Perguntei
ao ministro qual a previsão do volume de despesa que pode acarretar para o SNS a
necessidade de fazer essas manutenções que não foram realizadas até agora.
Na intervenção que fiz, assinalei o reforço nos cuidados de
saúde primários. Sabemos que há a previsão de que haja cobertura universal de
médicos de família para todos os portugueses até ao final do próximo ano. E recordei
que esse era um compromisso do anterior governo, que terminou o seu mandato
deixando mais de um milhão de portugueses sem médicos de família. Referi também
o reforço dos cuidados primários, com novas respostas ao nível da saúde oral e
da saúde visual.
Mas também ao nível hospitalar, com a criação do princípio
de livre circulação dentro do SNS, com os centros de referenciação e os
contratos de afiliação a resposta hospitalar em Portugal já melhorou nos
últimos dez meses. Bem sabemos que não terá melhorado tanto quanto gostaríamos,
mas é certo que passou o inverno, passou o fim do ano, passou o verão e não
tivemos notícias (como habitualmente tínhamos) de crises nas urgências o macas
acumuladas nos hospitais. A esta situação não é seguramente indiferente a
gestão que Adalberto Campos Fernandes introduziu no Ministério quer através da
organização dos serviços quer através da afetação de recursos. Apesar das
dificuldades financeiras.
Por fim, falei dos cuidados continuados e dos cuidados
paliativos. Há experiências inéditas em funcionamento nos paliativos, mas
preocupa-me também a parte da saúde mental, que é uma problemática crescente no
país e a que o Governo pela primeira vez dará resposta. Perguntei ao Ministro qual
é a situação desta nova rede e também dos cuidados paliativos cuja estratégia
nacional foi pela primeira vez apresentada publicamente e que está em
discussão.
(Veja e ouça AQUI a minha intervenção)
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