O falecimento de José Rodrigues deixou-me muito consternada:
Portugal perdeu um homem ímpar, uma referência maior da sua cultura. Do ponto
de vista pessoal, além do homem de artes, sublinho também a sua intervenção
cívica e social. Amigo, solidário, combativo, era de um entusiasmo contagiante.
José Rodrigues era um amigo do PS e esteve presente em diversas batalhas. Era
incontornável sentarmo-nos com ele, ouvir as suas ideias claras sobre o futuro
e admirar a sua mente inquieta, em constante criação.
José Rodrigues nasceu em Angola, 1936. Fez o curso na Escola
Superior de Belas Artes, no Porto, onde se radicou. Entre as obras mais
conhecidas do escultor destacam-se o Cubo da Praça da Ribeira e o Monumento ao
Empresário na Avenida da Boavista, no Porto. Foi um dos fundadores da Cooperativa
Cultural Árvore, no Porto, e um dos promotores da Bienal de Vila Nova de
Cerveira. É precisamente em Cerveira que funciona a Associação Cultural
Convento S. Payo, cujo objetivo é promover e divulgar o acervo do escultor e
dar apoio a iniciativas culturais. A Associação organiza exposições, recitais,
seminários, colóquios, conferências e congressos como divulgação do património
cultural e natural. Simultaneamente, fomenta o intercâmbio cultural com países
de expressão portuguesa e divulga a língua e cultura portuguesas no âmbito dos
estudos da diáspora portuguesa.
Senhor de um currículo invejável, José Rodrigues tornou-se um
nome incontornável das artes e deixa-nos um legado importante: a Fundação com o
próprio nome, no alto da Fontinha, no Porto, onde se juntam gentes de várias
sensibilidades, artísticas e económicas. A Fábrica Social – Fundação José
Rodrigues é um espaço multicultural polivalente alargado a outros artistas e atividades
culturais, como a dança, o teatro, a música, por exemplo.
É um dos escultores portugueses mais emblemáticos da segunda
metade do século XX. Mas, versátil e multifacetado, dedicou-se a outras
expressões artísticos além da escultura e fez ilustração para livros de
escritores e poetas, como Eugénio de Andrade, Jorge de Sena, Vasco Graça Moura
e Albano Martins.
A câmara do Porto, que iniciou este mês obras de restauro do
Monumento ao Empresário, cuja conclusão está prevista para o final de Outubro,
na data de nascimento do escultor, decretou dois dias de luto municipal.
Mestre José Rodrigues, é um exemplar raro na escultura portuguesa que nos deixa um património fascinante, e com raios do pensamento filosófico estonteantes, mas verdadeiros e frios como a sua arte de trabalhar o ferro, privei em conversas no meu posto de trabalho onde era cliente, mas quase só conseguíamos falar da Arte, da pintura, e dos artistas portugueses nas bienais de Veneza e Cerveira. Uma estrela a mais no céu!
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