18 setembro 2016

O Acordo de Paris e o meio-ambiente


A minha presença em Paris na semana passada, para participar, em representação de Carlos César, na cimeira dos presidentes dos partidos socialistas europeus, deu-me oportunidade para escrever sobre o Acordo de Paris, poluição e meio ambiente. Há muito que gostava de o ter feito e aproveitei para o fazer, agora que estive na capital francesa.

O Acordo de Paris, aprovado em dezembro do ano passado, é um tratado que rege as medidas de redução de emissão dióxido de carbono a partir de 2020. O documento foi negociado e ratificado por 195 países e é o primeiro acordo universal para combater as mudanças climáticas e o aquecimento global. Um dos compromissos mais importantes é o de manter o aumento da temperatura média global abaixo de dois graus centígrados e tentar limitar esse aumento de temperatura a 1,5ºC. Para que este objetivo seja alcançado é necessária uma redução drástica das emissões de gases de efeito estufa, o que só é possível através da economia de energia, de maiores investimentos em energias renováveis e do reflorestamento.

De entre as 195 nações que ratificaram o acordo, houve 186 que anunciaram medidas para sustar ou reduzir as emissões de gases de efeito estufa até 2025/2030. No entanto, mesmo que essas medidas sejam implementadas, a subida da temperatura pode chegar a três graus. Isso significa a subida do nível do mar que ameaça a segurança de vários países. Portugal, com a sua longa costa atlântica, é um dos países ameaçados, particularmente nas áreas da ria de Aveiro e nos estuários do Tejo e do Sado.

O objetivo do Acordo de Paris é atingir um pico das emissões de gases-estufa o mais cedo possível para, de seguida, iniciar reduções rápidas de forma a chegar a um equilíbrio entre as emissões provocadas pelo Homem e as absorvidas pelos sumidouros de carbono durante a segunda metade do século, uma referência às florestas.

Em 2018 será feita uma primeira análise da ação coletiva. Mas o tempo urge e a defesa do meio-ambiente é fundamental. As alterações climáticas e a poluição, de uma forma geral, fazem com que o Homem tenha cada vez menos recursos disponíveis. Este ano, desde 13 de agosto que estamos a gastar recursos que o planeta já não conseguirá repor até ao final do ano. Não seria dramático se fosse um caso esporádico. Mas desde 1970 que a organização não-governamental Global Footprint Network (GFN) calcula anualmente aquilo que é regenerado e absorvido pela Terra e o que a Terra já não consegue regenerar. O ponto de viragem é atingido cada vez mais cedo: no ano passado, foi a 3 de setembro; no anterior, foi a 4 de outubro; em 1970, tinha sido a 23 de dezembro.

Por outras palavras, e utilizando os termos da GFN: desde 13 de agosto que estamos “a viver a crédito”. Ou tomamos rapidamente medidas sérias e eficazes ou os nossos netos não terão um planeta habitável para viverem. 

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