A minha presença em Paris na semana passada, para
participar, em representação de Carlos César, na cimeira dos presidentes dos
partidos socialistas europeus, deu-me oportunidade para escrever sobre o Acordo
de Paris, poluição e meio ambiente. Há muito que gostava de o ter feito e
aproveitei para o fazer, agora que estive na capital francesa.
O Acordo de Paris, aprovado em dezembro do ano passado, é um
tratado que rege as medidas de redução de emissão dióxido de carbono a partir
de 2020. O documento foi negociado e ratificado por 195 países e é o primeiro
acordo universal para combater as mudanças climáticas e o aquecimento global.
Um dos compromissos mais importantes é o de manter o aumento da temperatura
média global abaixo de dois graus centígrados e tentar limitar esse aumento de
temperatura a 1,5ºC. Para que este objetivo seja alcançado é necessária uma
redução drástica das emissões de gases de efeito estufa, o que só é possível
através da economia de energia, de maiores investimentos em energias renováveis
e do reflorestamento.
De entre as 195 nações que ratificaram o acordo, houve 186
que anunciaram medidas para sustar ou reduzir as emissões de gases de efeito
estufa até 2025/2030. No entanto, mesmo que essas medidas sejam implementadas,
a subida da temperatura pode chegar a três graus. Isso significa a subida do
nível do mar que ameaça a segurança de vários países. Portugal, com a sua longa
costa atlântica, é um dos países ameaçados, particularmente nas áreas da ria de
Aveiro e nos estuários do Tejo e do Sado.
O objetivo do Acordo de Paris é atingir um pico das emissões
de gases-estufa o mais cedo possível para, de seguida, iniciar reduções rápidas
de forma a chegar a um equilíbrio entre as emissões provocadas pelo Homem e as absorvidas
pelos sumidouros de carbono durante a segunda metade do século, uma referência
às florestas.
Em 2018 será feita uma primeira análise da ação coletiva. Mas
o tempo urge e a defesa do meio-ambiente é fundamental. As alterações
climáticas e a poluição, de uma forma geral, fazem com que o Homem tenha cada
vez menos recursos disponíveis. Este ano, desde 13 de agosto que estamos a
gastar recursos que o planeta já não conseguirá repor até ao final do ano. Não
seria dramático se fosse um caso esporádico. Mas desde 1970 que a organização
não-governamental Global Footprint Network (GFN) calcula anualmente aquilo que
é regenerado e absorvido pela Terra e o que a Terra já não consegue regenerar.
O ponto de viragem é atingido cada vez mais cedo: no ano passado, foi a 3 de
setembro; no anterior, foi a 4 de outubro; em 1970, tinha sido a 23 de
dezembro.
Por outras palavras, e utilizando os termos da GFN: desde 13
de agosto que estamos “a viver a crédito”. Ou tomamos rapidamente medidas
sérias e eficazes ou os nossos netos não terão um planeta habitável para
viverem.
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