Termina hoje um dos maiores eventos de tecnologia do Mundo,
que este ano se realiza em Portugal. Desde terça-feira, Lisboa vive ao ritmo da
Web Summit, que atraiu mais de 50 mil pessoas (há quem fale de 70.000,
incluindo conferencistas, investidores e jornalistas) à capital portuguesa. Os
hotéis ficaram cheios, a restauração vive um pico de faturação e Portugal
afirma-se no contexto mundial do empreendedorismo, da tecnologia, da
inteligência artificial e da realidade virtual. Mais de 20 mil startups encontram palco e público para
apresentar as suas ideias inovadoras e encontrarem parceiros e, sobretudo,
investidores.
Fisicamente, dura apenas três dias, mas são dias que animam Lisboa.
Do antigo Pavilhão Atlântico e da FIL, no Parque das Nações, o evento
espalha-se pela cidade, com muitas iniciativas paralelas que incluem visitas
culturais e saídas à noite. No Sunset Summit, organizado pelo Turismo de
Portugal, é promovida a gastronomia portuguesa e produtos regionais aproveitando
o enorme mediatismo provocado pela Web Summit. Na realidade o impacte económico
e social do evento vai ser enorme e perdurar no tempo. Aliás, as próximas duas
edições do Web Summit também vão decorrer em Lisboa, o que constitui uma
espécie de reconhecimento de que Portugal ganhou relevância mundial no contexto
das novas tecnologias.
O atual Governo do Partido Socialista vê no empreendedorismo
um dos pilares mais importantes da economia do país e constata um enorme
potencial de crescimento e valorização competitiva na área da inovação
tecnológica. Compreende-se que António Costa tenha aproveitado o arranque da
Web Summit para anunciar um investimento de 200 milhões de euros num programa
de coinvestimento para empresas inovadoras que precisam de capital de risco. Como
o programa prevê 50 por cento de financiamento público e 50 por cento privado,
ao todo são 400 milhões de euros cuja aplicação é decidida pelos investidores
que escolhem as melhores empresas, os melhores projetos e a quem é preciso
garantir capital de risco para poderem arrancar e desenvolver as suas ideias. É
um contributo extraordinário para desenvolver as empresas de base científica e
tecnológica.
O primeiro-ministro reconhece que "muitas empresas em
Portugal, sobretudo nos setores mais inovadores e mais disruptivos, da robótica
à biotecnologia, têm sentido dificuldades em encontrar financiadores”. António
Costa afirmou que “se pusermos o dinheiro acessível às pessoas certas para
realizar os projetos certos, teremos condições para fazer os melhores
investimentos". Este programa agora anunciado inscreve-se no âmbito do
Startup Portugal, uma plataforma lançada pelo Governo para ajudar quem quer
começar o seu próprio negócio.
Estão pois reunidas todas as condições para que a Web Summit
seja um sucesso cujos efeitos se farão sentir ao longo de muitos anos. Seguirei
com muita atenção as próximas edições, até para perceber se o papel da Mulher
neste tipo de eventos tem alguma evolução. Este ano, entre os 32 conferencistas
portugueses convidados, há apenas uma mulher o que parece querer confirmar que
a evolução tecnológica é um mundo essencialmente masculino. Não é – mas parece.
E seria bom que, futuramente, não tivéssemos que recorrer ao exemplo da mulher
de César, a quem não se exigia apenas que “fosse”, mas também que o “parecesse”
para ficarmos com a certeza disso.
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