10 novembro 2016

A cimeira tecnológica de Lisboa


Termina hoje um dos maiores eventos de tecnologia do Mundo, que este ano se realiza em Portugal. Desde terça-feira, Lisboa vive ao ritmo da Web Summit, que atraiu mais de 50 mil pessoas (há quem fale de 70.000, incluindo conferencistas, investidores e jornalistas) à capital portuguesa. Os hotéis ficaram cheios, a restauração vive um pico de faturação e Portugal afirma-se no contexto mundial do empreendedorismo, da tecnologia, da inteligência artificial e da realidade virtual. Mais de 20 mil startups encontram palco e público para apresentar as suas ideias inovadoras e encontrarem parceiros e, sobretudo, investidores.

Fisicamente, dura apenas três dias, mas são dias que animam Lisboa. Do antigo Pavilhão Atlântico e da FIL, no Parque das Nações, o evento espalha-se pela cidade, com muitas iniciativas paralelas que incluem visitas culturais e saídas à noite. No Sunset Summit, organizado pelo Turismo de Portugal, é promovida a gastronomia portuguesa e produtos regionais aproveitando o enorme mediatismo provocado pela Web Summit. Na realidade o impacte económico e social do evento vai ser enorme e perdurar no tempo. Aliás, as próximas duas edições do Web Summit também vão decorrer em Lisboa, o que constitui uma espécie de reconhecimento de que Portugal ganhou relevância mundial no contexto das novas tecnologias.

O atual Governo do Partido Socialista vê no empreendedorismo um dos pilares mais importantes da economia do país e constata um enorme potencial de crescimento e valorização competitiva na área da inovação tecnológica. Compreende-se que António Costa tenha aproveitado o arranque da Web Summit para anunciar um investimento de 200 milhões de euros num programa de coinvestimento para empresas inovadoras que precisam de capital de risco. Como o programa prevê 50 por cento de financiamento público e 50 por cento privado, ao todo são 400 milhões de euros cuja aplicação é decidida pelos investidores que escolhem as melhores empresas, os melhores projetos e a quem é preciso garantir capital de risco para poderem arrancar e desenvolver as suas ideias. É um contributo extraordinário para desenvolver as empresas de base científica e tecnológica.

O primeiro-ministro reconhece que "muitas empresas em Portugal, sobretudo nos setores mais inovadores e mais disruptivos, da robótica à biotecnologia, têm sentido dificuldades em encontrar financiadores”. António Costa afirmou que “se pusermos o dinheiro acessível às pessoas certas para realizar os projetos certos, teremos condições para fazer os melhores investimentos". Este programa agora anunciado inscreve-se no âmbito do Startup Portugal, uma plataforma lançada pelo Governo para ajudar quem quer começar o seu próprio negócio.

Estão pois reunidas todas as condições para que a Web Summit seja um sucesso cujos efeitos se farão sentir ao longo de muitos anos. Seguirei com muita atenção as próximas edições, até para perceber se o papel da Mulher neste tipo de eventos tem alguma evolução. Este ano, entre os 32 conferencistas portugueses convidados, há apenas uma mulher o que parece querer confirmar que a evolução tecnológica é um mundo essencialmente masculino. Não é – mas parece. E seria bom que, futuramente, não tivéssemos que recorrer ao exemplo da mulher de César, a quem não se exigia apenas que “fosse”, mas também que o “parecesse” para ficarmos com a certeza disso.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Quer comentar? Faça-o! Este espaço é seu, é meu, é nosso.